06/02/2025

Ressarcindo Faltas Passadas


Com os Mortos que estão de pé.

Ano de 1929.

Já casados, fomos residir em Entre-Rios.

Tínhamos, então, já sincera simpatia pelo Espiritismo, graças à proteção do Espírito de Bezerra de Menezes e ao convívio valoroso com Benevenuto Berna, Guima, Raul Pederneiras e outros Espíritas e Espiritualistas cariocas.

Por isto, em 22 de novembro de 1931, a convite da bondosa Família Arneiro, fizemos no Grupo Espírita Fé e Esperança uma palestra sobre o tema: História de um Coração, focando a personalidade caritativa de Manoel Pessoa de Campos, já aí vivendo na Espiritualidade.

De início, penitenciamo-nos de nosso passado, da crítica injusta que fizéramos ao grande e saudoso irmão E, quando, sinceramente, diante de uma grande assistência, lhe pedíamos
perdão de nossa falta, sentimo-lhe a presença amorosa e choramos de emoção e, conosco, quase toda a assistência.

E, logo em seguida, tentamos ler nossa palestra sobre Manoel Pessoa de Campos.

E não era apenas a comoção mas sentíamos que estávamos em conflito com nossos dons mediúnicos.

Havíamos escrito uma coisa e, ali, nosso espírito, por intuição, desejava dizer
algo diferente. Espíritos amigos, à frente o de Manoel Pessoa de Campos, desejavam nos dar uma lição, um batismo de verdade, para que, a serviço do Mestre, aprendêssemos a confiar menos em nós e mais na Misericórdia Divina,
nas línguas de fogo de um novo Ventencostes, que o Espiritismo vitoria na Mediunidade gloriosa.

E fizeram que olhássemos para as janelas frontais da grande sala... para nelas
lobrigarmos alguns moços sorrindo, como que provocando-nos, dando de si uma demonstração de curiosidade, uma como experimentação para o novo orador...

Era o pretexto almejado...

E o incêndio veio...

E, deixando de lado o discurso escrito, sentindo ao nosso lado figuras luminosas, duas das quais particularizamos como sendo a de Manoel Pessoa de Campos e Bezerra de Menezes, improvisamos nossa palestra, dedicando-a aos
Moços, ressaltando nossos deveres para com Jesus, situando a gravidade do momento que vivíamos e ainda vivemos e trazendo à tona raios de luz da vida exemplar de Manoel Pessoa de Campos, cuja mocidade fora toda votiva ao bem do seu próximo, ao trabalho humilde e valoroso de Jesus qual o de dar sem esperar recompensa.

A surpresa foi geral.

Para nós que ali nos batizáramos...

E para os assistentes, inclusive para os Moços, que não esperavam o acontecimento, algo novo, que a todos encantara, surpreendera, beneficiara e ensejara entender que não estávamos sozinhos na luta redentora e que os
triunfos eram e seriam sempre menos nossos e mais, muito mais, dos Mortos que estão de pé, dos esforços e das Vozes do Grande Além, dos nossos Cuias e Amigos da Santa Espiritualidade.

Vivemos, ai, a mais linda das nossas noites como espiritista!

Graças a Deus!

(Extraído do livro Lindos Casos de Bezerra de Menezes, por Ramiro Gama)

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