11/02/2025

A Ostentação


Revista Espírita 1860 - Abril de 1860

(Sociedade, 16 de dezembro de 1860 – Médium: Srta. Huet)

Numa bela tarde de primavera, um homem rico e generoso estava sentado em seu salão; sorvia, feliz, o perfume das flores de seu jardim. Enumerava, complacente, todas as boas obras
que tinha praticado durante o ano. A essa lembrança não pôde deixar de lançar um olhar quase desprezível sobre a casa de um de
seus vizinhos , que não pudera dar senão módica moeda para a construção da igreja paroquial. De minha parte, disse ele, dei mais
de mil escudos para essa obra pia; deitei negligentemente uma cédula de 500 francos na bolsa que me estendia aquela jovem duquesa, em favor dos pobres; dei muito para as festas de beneficência, para toda sorte de loterias e creio que Deus me será grato por tanto bem que fiz. Ah! ia esquecendo uma pequena esmola, que dei há pouco tempo a uma infeliz viúva, responsável por numerosa família e que ainda cria um órfão. Mas o que lhe dei é tão pouco que, por certo, não será por isso que o céu se me abrirá.

Tu te enganas, respondeu de repente uma voz que lhe fez voltar a cabeça: é a única que Deus aceita, e eis a prova. No mesmo instante uma mão apagou o papel em que ele havia escrito todas as suas boas obras, deixando apenas a última; ela o levou ao céu.

Não é, pois, a esmola dada com ostentação que é a melhor, mas a que é dada com toda a humildade do coração.

Joinville, Amy de Loys

Fonte Revista Espírita 1860 - Abril de 1860 - Ano III - Ditados Espontâneos - A Ostentação

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