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Uma médium expelindo ectoplasma |
Os fenômenos chamados de efeitos físicos e os de materialização, que tantos cuidados e precauções exigem nos recintos especiais, ocorrem, muitas vezes, espontaneamente, em sítios impróprios e ambiente desfavorável, sem corrente que os auxilie.
Já os verifiquei, em circunstâncias várias. Uma noite, para citar um caso de minha observação pessoal, embora feita por acaso, achando-me a escrever num quarto onde dormia um médium, ouvi um rumor e, olhando em torno, vi que se abriam as portas de um guarda-roupa e que de dentro saía, sem que ninguém o movesse ou tocasse, um daqueles formidáveis volumes contendo fac-símiles dos documentos da Independência do Brasil e mandados públicos pela prefeitura do Rio de Janeiro. O livro, que estava encostado ao fundo do móvel, por detrás de duas caixas de chapéus, saiu sem as deslocar e foi recostar-se a uma parede, onde ficou até a manhã seguinte. Como e por que aconteceu isso?
Vai para alguns anos, o ilustre jornalista Horácio Cartier, que prefaciou as minhas reportagens sob o título “No mundo dos espíritos”, levou-me a um cavalheiro que testemunhava fenômenos impressionantes. Solteiro, o senhor em questão, morando com irmãs também solteiras, em Real Grandeza, perto do cemitério de São João Baptista, foi obrigado a mudar-se, porque em sua residência, há horas mortas e sem que as portas se abrissem, apareciam pessoas estranhas.
Transferindo-se para uma rua situada nas vizinhanças do túnel do Leme, foi também forçado a buscar outra morada, porque os mesmos fenômenos se repetiam na nova casa.
Vi-o, com o meu amigo, num prédio de sua propriedade, à Rua dos Andradas, onde funcionou por muitos anos – disse-nos ele – uma pensão alegre de mulheres. Contou-nos, então, que as coisas pouco haviam mudado com a última mudança. Freqüentemente, à hora das refeições, um braço de mulher, desnudo e alvo, com pulseira, os dedos cheios de anéis, aparecia na mesa, e suspenso no ar, como se fosse de uma pessoa que ali estivesse sentada, retirava uma flor de um vaso, e se evaporava, deixando-a cair. Disse-nos que era vulgar o aparecimento de mãos delicadas segurando a cortina que separava a sala de jantar da de visitas e que uma ocasião sentiu-o correr por inteiro, e viu uma formosa mulher, muito branca, num luxuoso vestido de baile, emoldurada nos umbrais (ombreiras) sem portas.
O médium solitário constatava com serenidade os fenômenos, e, ao verificá-los, assegurou, não sentia a mais leve sombra de medo, que, porém, naquele tempo andava aborrecido e contrariado, porque debaixo de seu leito rangiam e se arrastavam correntes que ninguém conseguia ver, mas que não deixavam dormir.
O depoente era um homem discreto e reservado, de alta responsabilidade no comércio, e não me permitia relatar o seu caso, tendo entrado em contato comigo na esperança de que eu lhe fornecesse elementos para encontrar e explicação dos fenômenos fora do espiritismo.
Não acreditava em espíritos. Os fatos por ele narrados, iguais a centenas, que enchem os livros, indicam que nem sempre é necessário produzir-se, no médium, o transe, ou o sono hipnótico, para que se realize a materialização.
(Extraido do livro o Espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda, de Leal Souza)
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