05/02/2025

Antigoécia


Parece coisa sobrenatural da Idade Média, bobagens de contos fantasmagóricos sobre feiticeiras para amedrontar criancinhas. Mas, in- felizmente, o mau olhado, o trabalho de magia negra existem, podendo até causar a morte de uma pessoa. Do ponto de vista científico – pelo menos da boa ciência, aquela que se renova, que indaga, questionando o porquê de fenômenos existentes –, podemos tratar esse tema como sendo produto de cargas de energias negativas lançadas contra alguém.

Desde que começaram as atividades espirituais do grupo comandado por Rocha Lima, entidades de luz falavam da necessidade de os médiuns estarem atentos e preparados para se livrar de campos de forças negativas, produzidos por seres encarnados e desencarnados interessados na destruição da obra. Ao explicar a importância de serem organizadas reuniões para se desfazer esse tipo de trabalho, o espírito de Frei Luiz usou pela primeira vez a denominação antigoécia. Palavra de origem grega que significa contra goécia, ou seja, contra bruxaria.

Muitas das doenças surgidas em Rocha Lima ou em outros membros do grupo não foram produzidas por qualquer descuido do corpo
físico ou por problemas advindos de outras encarnações – as chamadas doenças cármicas, tão bem explicadas pela terapia de vidas passadas. Foram, isso sim, doenças produzidas intencionalmente por desafetos encarnados do Lar e seres extrafísicos do mal, agindo diretamente sobre os pontos fracos que cada um traz de várias encarnações anteriores.

O corpo físico é apenas o invólucro material de realidades mais sublimes que constituem um determinado ser. Há diferentes denominações para caracterizar os níveis energéticos que formam uma pessoa, como o corpo astral. A medicina tradicional fecha os olhos para essa
realidade, provocando atrasos incomensuráveis na cura de doenças. Mas o fato é que, antes de atingir o corpo físico, a doença começa no
corpo astral, provocando bloqueios na circulação harmônica dos centros de energia presentes nos seres humanos encarnados.

É a partir desses conceitos, que um dia serão aceitos pela ciência oficial, com a ajuda do desenvolvimento do estudo da complexa realidade subatômica, que poderemos entender melhor como se dá a ação dos trabalhos de magia negra – que lidam com os campos de energia que envolvem a Terra. Cargas negativas lançadas contra o corpo astral de uma pessoa, a partir de rituais de bruxaria, podem se transformar em sérios problemas psíquicos e físicos.

Isso explicaria, por exemplo, alguns problemas físicos enfrentados por Rocha Lima sem causa aparente. Um deles quase o levou à loucura, até que fosse devidamente tratado. Corria 1976, considerado por ele como um dos anos mais difíceis do seu trabalho à frente da obra.
“Fui atacado durante o ano de 1976 ao paroxismo”, registrou, em suas memórias. Acometido de um enfraquecimento geral, passou a andar de cadeira de rodas. “Apesar de minha resistência, o estado caquético
manifestava-se crescente.” Com insônia, ficava desesperado vendo o passar das horas. Quando, extenuado, conseguia tirar uma ligeira soneca, “uma miadura” tremenda de gatos impedia-o de dormir. “A miada era ensurdecedora.”

Esse fenômeno, sem que os gatos fossem identificados, continuou por noites seguidas, tirando cada vez mais suas já combalidas
energias. Confiante na ação das entidades de luz, ele se recusava a tomar psicotrópicos, para não atrapalhar a influência dos campos de forças de energia positiva eventualmente enviados para o seu cérebro, pelos espíritos protetores. Chegou a se medicar com homeopatia, mas nada fazia efeito. Acabou aceitando o convite de uma funcionária do Hospital de Ipanema para realizar um exame geral, mas nada foi constatado.

Por fim, descobriu-se, em reuniões realizadas
pelo grupo, que um dos médiuns estava Por
frequentando sessões de macumba, e entidades
mistificadoras, de baixa vibração energética, passaram a usá-lo, em rituais de magia negra, como ponte para atacar Rocha Lima e sua obra. E na medida em que um trabalho espiritual passou a ser feito para resgatar esse médium das forças negativas, o presidente do Lar foi se recuperando. – Esta foi a fase mais crítica que o grupo passou, correndo um grande risco. Os irmãos deixaram-se envolver e eu recebi aqueles ataques – escreveu.

Consciente da força desses ataques extrafísicos, Rocha Lima procurava sempre realçar a importância de os médiuns atentarem para as suas qualidades morais. Isto porque a qualidade dos pensamentos é ponte para o contato com seres extrafísicos afins.

– Os espíritos são atraídos pelas qualidades morais do médium. Por exemplo: o desprendimento das coisas mundanas, o amor ao  próximo, a honestidade, a modéstia, a bondade, a humildade são as qualidades principais, afinam com os bons espíritos. Ao contrário, o sensualismo, a calúnia, a maledicência, a inveja, o ciúme, o ódio, o  egoísmo, a cobiça e principalmente o orgulho são as impurezas que  ligam os médiuns aos espíritos inferiores. Estas fraquezas morais 
abrem as portas aos espíritos maus – assinalou em Memórias de um Presidente de Trabalhos.

Para a produção dessa fenomenologia negativa, os envolvidos costumam não só aproveitar uma ambiência favorável, fazendo a ponte
com pessoas com pensamentos negativos, como usam objetos e peças de roupas dos que querem atacar, por serem materiais que contêm,
naturalmente, campos energéticos de seus donos. Determinadas vezes, Rocha Lima notava o sumiço de roupas suas e da mulher do varal de sua casa, surrupiadas por gente que frequentava as reuniões do grupo. As roupas eram encaminhadas para rituais macabros.

Em reuniões mensais de antigoécia promovidas no Lar por Rocha Lima, costumavam ser materializados objetos – pelo fenômeno de teletransporte – que, contendo a energia do dono, haviam sido usados em rituais de magia negra para os ataques criminosos. Com o
auxílio de médiuns de efeitos físicos do Lar, esses objetos eram então desmaterializados a distância nos locais dos rituais, transportados e,
instantaneamente, rematerializados nessas reuniões de antigoécia.

Alguns abrirão a boca para dizer, arrogantemente: “Quanta idiotice, quanta estupidez”. Mas, muita atenção: no final do século 20, até alguns físicos mais racionalistas já admitiam a possibilidade de, no futuro, serem criadas cabines de teletransporte para o envio de pessoas de um ponto a outro do planeta ou mesmo do universo, prescindindo-se dos aviões e naves espaciais. Essa hipótese passou a ser factível após físicos, nos anos 1970, desenvolverem os primeiros experimentos de
transporte da propriedade de polarização de um fóton para outro; e, em 2002, teletransportarem um feixe de raio laser.

Alheio a concepções racionalistas em extremo, que só atravancam o desenvolvimento científico, Rocha Lima, para limpar o ambiente do Lar de Frei Luiz, instituiu, a cada última sexta-feira do mês, as reuniões de antigoécia. Há muitos anos, para levar à frente esses
trabalhos de combate às bruxarias, ele designou o médium de efeitos físicos Ivan Ferreira de Castro.

Há vários tipos de mediunidade. Cada ser humano, sem o saber, tem capacidades mediúnicas – só que a maioria, por desconhecimento, descrença ou preconceito cultural, vira as costas a esse tipo de fenô-
menos. O médium não tem poderes próprios, apenas atributos que o tornam capaz de servir como canal de seres astrais, de comunicação
entre as dimensões material e extrafísica. Alguns, por exemplo, desenvolvem a psicografia, a capacidade de escrever o que uma entidade lhes comunica. Outros, como Ivan, têm o dom de provocar a materialização de objetos e até de pessoas que já morreram.

Por suas apuradas qualidades de médium de efeitos físicos, Ivan foi escolhido para a importante missão de ajudar nos trabalhos de combate às bruxarias. A partir de muita concentração, com a ajuda de meditação,
oração e a colaboração da corrente formada por outros médiuns, eram então materializados objetos usados em rituais de magia negra.

Para aquele racionalista que fecha o semblante ao ouvir falar a palavra oração, um lembrete: independentemente de qualquer conteúdo
religioso, a oração serve para unir os presentes num discurso só ou, mais precisamente, em uma sintonia comum – criando um ambiente
de união em prol de um objetivo. Isto ajuda a estabelecer um clima de harmonia, com pessoas atingindo – ou tentando atingir – uma mesma
frequência mental.

Nas reuniões de antigoécia, costumava-se colocar um vaso de barro para a materialização dos objetos de magia negra. Rocha Lima
sempre se preocupou em registrar essas reuniões – inclusive muitas de-las com fotos e depoimentos assinados dos participantes. Numa dessas, por exemplo, em 31 de julho de 1969, ao se encerrarem os trabalhos, os participantes encontraram uma série de objetos materializados dentro do vaso, como um bonequinho pesado, com as palavras inscritas Morte, Luiz e Astéria, três charutos, um dente de alho esmagado e um pedaço de carvão. Os objetos foram queimados.

Inúmeros ataques foram produzidos contra a obra através de trabalhos realizados em terreiros de baixa espiritualidade ou no próprio terreno do Lar de Frei Luiz. Ainda em 1949, no início dos trabalhos do grupo, por pouco Rocha Lima não morre ou fica cego em uma explosão no laboratório da fábrica onde trabalhava. Na véspera do “acidente”, ele havia sido atacado por uma entidade trevosa, durante os trabalhos mediúnicos de desobsessão de uma professora amiga de sua cunhada Helena de Freitas. “Por meio de sacrifício de animais e derramamento de sangue” em um trabalho de quimbanda, assinalou ele em Forças do Espírito, a mulher “estava entregue às entidades animalizadas”. Ao atender no grupo a obsidiada, em uma de suas crises, a entidade incorporou num médium e ameaçou: “Ela me pertence. Amanhã eu te vou meter no fogo. Ficarás queimado e tudo isto aqui terminará”.

Rocha Lima recorda que, como já havia sido alvo de outras entidades do mal, em princípio não deu importância à ameaça. Mas, ainda
de madrugada, antes de ir para o trabalho, ouviria em sua mente a voz do pai Cané, já desencarnado: “Luiz, Luiz, tenha muito cuidado, hoje!”. Ele se precaveu, mas um auxiliar de laboratório acabou acumulando,
em uma pequena área – “certamente induzido pelas entidades trevosas” – vidros de vários solventes inflamáveis e diversos litros de éter. Mais tarde, quando Rocha Lima fazia uma análise química rotineira com um fogareiro blindado, tomando as precauções de segurança necessárias, houve inexplicavelmente “uma grande explosão”, que provocou quebra e estilhaços de vidros.

– Quando consegui abrir um dos olhos, com dificuldade, notei que duas bolas de fogo de cerca de um metro de diâmetro se dirigiam
para a banqueta debaixo da qual estavam acumulados os vidros de inflamáveis que meu auxiliar arrumara. Diante do sinistro, pensei
imediatamente em Deus! Agarrei o extintor, com uma tranquilidade que já não me pertencia, dada a sua extraordinária presença, e consegui estancar o rolo ígneo que avançava para os inflamáveis, evitando destarte um incêndio de proporções nefastas, porque a frente do laboratório era de madeira e, ao lado, estava o arquivo da fábrica. A partir dali, não
pude mais abrir os olhos. Tateei como cego, mas não cessava de orar.

Socorrido por um operário, acabaria levado para um hospital, onde receberia curativos de emergência no rosto queimado. “Ele foi se tratando, espiritualmente e materialmente, e superou tudo. Ficou com um pouco de manchas da queimadura, mas, graças a Deus, saiu
tudo bem”, recorda Marilene. Com o passar dos anos, essas marcas desapareceriam, deixando alguns colaboradores impressionados com a juventude e a textura aveludada da pele do seu rosto.

No entanto, outros ataques viriam. Em novembro de 1972, por exemplo, Rocha Lima passou a sentir dores lancinantes na perna
direita, principalmente na região do tornozelo. Em uma reunião de antigoécia, ficou livre das dores. Na véspera do encontro, o médium de
efeitos físicos Gilberto Arruda incorporara o espírito do médico alemão Frederick. Após retirar sangue contaminado da perna do presidente do Lar, sugado através de poros de sua pele, o médico do espaço informou
que “irmãos invejosos” haviam feito um trabalho de feitiçaria contra ele, em um terreiro da Bahia, usando uma pequena perna de cera onde cravaram alfinetes que, por sorte, ainda não estavam enferrujados.

Na manhã seguinte, durante a antigoécia, ouviram-se ruídos dentro da chamada cabine de materializações. Pancadas fortíssimas,
gargalhadas debochadas, um bater de tambores no ritmo de terreiros de quimbanda. Quando os tambores se acalmaram, uma entidade pro-
nunciou palavras em língua nagô. Com a ajuda de preces, foi formada uma forte corrente, para desfazer a feitiçaria. Os presentes passaram a
entoar a Canção a Frei Luiz. A entidade finalmente se acalmou, sendo levada para tratamento espiritual em uma dimensão extrafísica.

De repente, surge materializado o espírito de Frederick, indo até onde estava deitado Rocha Lima, para entregar-lhe a perna de cera
que havia sido transportada da Bahia, cheia de alfinetes presos e com o nome do presidente do Lar inscrito. Em seguida, o médico do espaço
materializado produziu um forte facho de luz, de um aparelho curativo que trazia na mão, que variou entre roxo, azul e vermelho, na perna
e coxa do paciente. Conforme instrução do astral, o objeto foi depois amassado e jogado no mar. As dores sumiram.

Nas reuniões de antigoécia, eram comuns as materializações de objetos usados em trabalhos de magia negra (como bonecos com o corpo repleto de alfinetes) contra a obra do Lar de Frei Luiz

Assim como o espírito do
médico alemão Frederick
von Stein (ver foto de sua
materialização, na capa),
o espírito materializado do
árabe Ahmed foi fotografado
durante sessão de cura
espiritual no Lar de Frei Luiz,
portando verga de madeira
para tratamento de enfermos

Revisado por Márcio Varela

(Extraído do livro Os Médicos do Espaço: Luiz da Rocha Lima e o Lar de Frei Luiz / Ronie Lima. – 6ª edição)

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