22/02/2025

Inteligência e Instinto


71. A inteligência é atributo do princípio vital?

“Não, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar­  se. Necessário é que o espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá­la.”

A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades. Podem distinguir­se assim: lº, os seres inanimados, constituídos só de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 2º, os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência; 3º, os seres  animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes outorga a faculdade de pensar.

72. Qual a fonte da inteligência?

“Já o dissemos; a inteligência universal.”

a) — Poder­se-­ia dizer que cada ser tira uma porção  de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?

“Isto não passa de simples comparação, todavia inexata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Demais, como sabeis, há coisas que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número.”

73. O instinto independe da inteligência?

“Precisamente, não, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades.”

74. Pode estabelecer-­se uma linha de separação entre instinto e a inteligência, isto é, precisar onde um acaba e começa a outra?

“Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito  bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.”

75. É acertado dizer-­se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais?

“Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia.”

a) —Por que nem sempre é guia infalível a razão?

“Seria infalível, se não fosse falseada pela má­educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre­ arbítrio.”

O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado. O instinto varia em suas  manifestações, conforme às espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência
e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.

Extraído de O livro dos Espíritos - Cap IV - Do Princípio Vital - Inteligência e Instinto

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