22/02/2025

Explicando o que projeciologia


Sinônimos: Viagem Astral (VA), Projeção Astral, Desdobramento, OOBE (Out of Body
Experience), obelogia, Projeção da Consciência, vôo Sideral, Vôo Xamânico, EFC (Experiência fora do Corpo), mini-morte, expansão da consciência, emancipação da alma, etc.

Acontecimento: Quando dormimos, nosso cérebro ao descansar, altera as ondas
cerebrais, induzindo o corpo ao relaxamento muscular profundo.

Neste momento o corpo Astral sai do corpo físico para o plano astral onde carrega as
baterias energéticas do duplo etérico com a energia prânica (energia vital, energia
cósmica). Essa energia vitaliza as células dos corpos: astral e físico.

Esse procedimento é natural e acontece com todos os seres que dormem.

Portanto a Projeção Astral é um acontecimento parafisiológico. Não é religioso.

Como ocorre Esse Processo?

Para sair do corpo físico o corpo astral que possui em si (alma, espírito = Corpo
Mental), muda a freqüência (estado de consciência) alterando-a para a mesma do
plano astral onde pode usufruir as energias pranicas.

Essa descoincidência dos corpos pode ser milimétrica, mas geralmente o corpo astral
fica próximo do corpo físico, boiando perto da cama.

Conceito de Projeciologia: (Latim: projectio, projeção; Grego: logos, tratado) - Ramo,
subcampo, ou especialidade da ciência Conscienciologia, que estuda as projeções
energéticas da consciência e as projeções da própria consciência para fora do corpo
humano, ou seja, das ações da consciência operando fora do estado de restringimento
físico do cérebro e todo o corpo biológico. Além da experiência fora do corpo propriamente dita, a Projeciologia também investiga dezenas de fenômenos projeciológicos correlatos tais como:

bilocação, clarividência Viajora, experiência da quase-morte (EQM), precognição, retrocognição,
telepatia e muitos outros.

A Projeciologia constitui uma parte prática da Conscienciologia.

Conscienciologia: (Latim: con scientia; com conhecimento; Grego: logos, tratado) -
Ciência que estuda a consciência (ego, alma, essência) em uma abordagem integrada, abrangente ou globalizante. Ou seja, estuda todos os seus instrumentos de manifestação (corpos), em todas as dimensões, com todas as suas energias, capacidades e atributos parapsíquicos lúcidos e cosmoéticos muito além das investigações convencionais das demais ciências modernas.

(Extraído do livro Projeção - Temas Espirituais)

Inteligência e Instinto


71. A inteligência é atributo do princípio vital?

“Não, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar­  se. Necessário é que o espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá­la.”

A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades. Podem distinguir­se assim: lº, os seres inanimados, constituídos só de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 2º, os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência; 3º, os seres  animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes outorga a faculdade de pensar.

72. Qual a fonte da inteligência?

“Já o dissemos; a inteligência universal.”

a) — Poder­se-­ia dizer que cada ser tira uma porção  de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?

“Isto não passa de simples comparação, todavia inexata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Demais, como sabeis, há coisas que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número.”

73. O instinto independe da inteligência?

“Precisamente, não, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades.”

74. Pode estabelecer-­se uma linha de separação entre instinto e a inteligência, isto é, precisar onde um acaba e começa a outra?

“Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito  bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.”

75. É acertado dizer-­se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais?

“Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia.”

a) —Por que nem sempre é guia infalível a razão?

“Seria infalível, se não fosse falseada pela má­educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre­ arbítrio.”

O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado. O instinto varia em suas  manifestações, conforme às espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência
e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.

Extraído de O livro dos Espíritos - Cap IV - Do Princípio Vital - Inteligência e Instinto

Nunca sem esperança


 Meimei 

Nunca percas a esperança.

Se o pranto te encharca a existência, recorre a Deus, no exercício do bem, e acharás Deus, nas entranhas da própria alma, a propiciar-te consôlo.

Se sofres incompreensão, ajuda ainda e sempre aos que te não entendem e encontrarás Deus, no imo do próprio Espírito a fortalecer-te com o bálsamo da piedade pelos que se desequilibram na sombra.

Se te menosprezam ou te injuriam, guarda-te em silêncio no auxílio ao próximo, e surpreenderás Deus, no íntimo de teus mais íntimos pensamentos, prestigiando-te as intenções.

Se te golpeiam ou censuram, cala-te, edificando a felicidade dos que te rodeiam, e Deus falará por ti, na voz inarticulada do tempo.

E, se erraste, não tombes em desespero, mas, trabalhando e servindo, receberás de Deus a oportunidade da retificação e da paz.

Sejam quais forem as aflições e problemas que te agitem a estrada, confia em Deus, amando e construindo, perdoando e amparando sempre, porque Deus, acima de todas as calamidades e de todas as lágrimas, te fará sobreviver, abençoando-te a vida e sustentando-te o coração.

XAVIER. Francisco Cândido. Coragem. Espíritos Diversos. FEB. 1972.

21/02/2025

Vampirismo Assistido no Terreiro de Umbanda


Capítulo 7

"Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos na Terra; já viveram noutros mundos, donde foram
excluídos em consequência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons." - O Evangelho Segundo O Espiritismo - capítulo III — item 14.

— Clarisse, apenas mais uma pergunta - rogou Inácio, desejando aprender mais na sua nova função de dirigente.

— Indague, meu irmão.

— A comunicação de Matias nesta noite trouxe-lhe benefícios?

— Imensos benefícios. Esse contato com a matéria, para um Espírito nesse estado, é de extrema importância. O organismo físico
é um depósito inigualável de energia ectoplásmica. A constituição molecucar desse pacote energético é impossível de ser clonada em nosso plano. É o estágio semimaterial das forças mais sutis que gravitam entre o perispírito e o corpo físico. Ela é gerada e sofre mutações importantes no duplo etérico do médium, em atendimento às necessidades mais prementes dos desencarnados.

Quando o médium se desloca do corpo, há uma natural expansão do duplo, também conhecida por cascão astral e por automatismo, esse pacote de forças é atraído para a constituição perispirítica da entidade comunicante que se lhe adere. É como se fosse a roupa do médium em outra pessoa. O duplo passa temporariamente a se acoplar ao espírito comunicante como um cobertor acolhedor.

Evidentemente, em razão da descompensação de forças mentais nas quais se encontra Matias, esse aporte do duplo etérico da médium vai servir como um legítimo balão de oxigênio, suprindo o que lhe falta até o limite em que não prejudique o equilíbrio da médium.

Os sinais mais característicos do momento da separação são sentidos pelo próprio aparelho orgânico do médium, por um desconforto registrado em forma de irritação ou fraqueza. Nesse momento, quando o médium tem suas faculdades sob controle, ele mesmo, mentalmente, faz a reconstituição dos corpos sem perder o contato com a entidade que, se necessário, ainda poderá manifestar seus pensamentos. Esse fenômeno que envolve o duplo etérico é chamado incorporação. São cedidas, portanto, as chamadas energias
vitais da vida material.

O comunicante, ao se retirar, fica com todo o seu corpo espiritual envolvido por uma espécie de pomada branca, ora em estado gasoso, ora gelatinoso. Os assistentes que orientam o trabalho utilizam-se dessa condição para as mais ricas medidas em favor do desencarnado. Volto a frisar, esse fenômeno é mais conhecido como incorporação.

Temos também o chamado vampirismo assistido, que é um processo no qual são envolvidos o corpo material, o duplo etérico, o
perispírito e o corpo mental. É algo ainda mais profundo que a incorporação, em que o vínculo deixa de ser puramente mental, chegando a níveis celulares no corpo do médium. Há, nesse caso, uma intensa transferência de forças vitais e uma interação entre o corpo mental do médium e da entidade com objetivos de recuperação de formas perispiríticas e sensações perdidas em milênios de padecimento.

O vampirismo assistido é uma técnica de automatismo que não comporta muito controle ou participação consciente do médium.
Por isso mesmo, só deve ser praticada em situações ocasionais e sob intensa supervisão espiritual. A espontaneidade é fundamental em
tal operação. É necessária uma entrega incondicional do sentimento e do corpo físico do médium. Mais uma razão para ser praticada
por médiuns mais experimentados, que já tenham disciplinado suas forças medianímicas, por possuírem noções mais claras dos limites
permitidos nesse gênero de trabalho. Por se tratar de transes profundos, nem sempre ele tem como aferir essa necessidade. Para suprir essa situação, é preciso uma equipe que tenha consciência do que está realizando. Que haja muito respeito e confiança, considerando que, em várias dessas situações, o médium terá de ser contido fisicamente, exigindo muita integridade moral de todos para essa finalidade.

Não será demais chamar esse contato mediúnico de uma autêntica "reencarnação relâmpago", na qual a entidade em desalinho, pela intensa ligação com o corpo físico do médium, desperta nas matrizes profundas do seu corpo mental algumas motivações evolutivas que o tempo e a dor lhe subtraíram. Casos existem nesse capítulo da mediunidade em que o acoplamento celular recompõe
instantaneamente formas perispirituais que poderiam levar séculos no trabalho de recuperação em nosso plano de ação. O corpo físico é uma usina divina de forças capazes de influir decisivamente nos corpos espirituais.

Ficou claro, doutor?

— Agradeço suas preciosas informações, Clarisse. Por hoje interrompemos nossa lição. Do contrário eu próprio pedirei internação aqui no sanatório.

— Esperança em seus corações, meus amigos e irmãos.

— Assim seja, amiga querida - falou Inácio com muita sensibilidade.

A nossa tarefa terminou. Todos os componentes da equipe ficaram em clima de expectativa. Habitualmente, doutor Bezerra se comunicava ao final confortando a todos nós. Naquela noite, porém, algo diferente ocorreu. Sentíamos sua presença e nada de manifestações ostensivas. Clarisse nos deixou com a sensação de uma convocação para novas lições, fato que, de alguma forma, nos surpreendeu.

A mensagem de Eurípedes passou a ser lida e estudada com mais constância por todos nós. Eu, particularmente, sempre solicitava mais explicações ao benfeitor, dele recebendo outras notícias sobre acontecimentos futuros.

A sabedoria apresentada por Clarisse, naquela noite, deixou-me também muito curiosa acerca de sua identidade e função junto ao Hospital Esperança. Permaneci fora do corpo durante todo o transe em estado de plena lucidez, acompanhando as informações tão oportunas. Até isso foi diferente na ocasião, já que tinha me acostumado à inconsciência no transe. Embevecida com tantos ensinos, passei a adotar, naturalmente, algumas posturas novas no intercâmbio mediúnico, solicitando a Inácio que passasse a fazer anotações contínuas de nossas atividades.

Dirigi-me para minha residência sem me desligar mentalmente da tarefa. Orei exaurida pela incorporação de Matias, conquanto me
guardasse no clima superior do dever cumprido. Assim que recostei a cabeça no travesseiro, emancipei nos braços de doutor Bezerra em direção ao Hospital Esperança.

Passava das vinte e três horas. Após a volitação instantânea, chegamos ao Hospital Esperança. Logo à entrada fui recepcionada por Clarisse e levada ligeiramente ao salão de cirurgias. Matias estava sendo operado.

Olhando através da vidraça, acompanhei a cena com extrema emoção. O corpo espiritual de Matias estava envolvido pela substância esbranquiçada do ectoplasma emanado durante a incorporação. Como havia explicado Clarisse, parecia uma pomada gelatinosa. Já não senti rejeição como da primeira vez, mesmo porque em tão curto tempo a fisionomia de Matias estava amplamente renovada.

Nos mesmos moldes da cirurgia terrena, havia instrumentais diversos. Foi iniciada a intervenção.

Há quem suponha que o perispírito sendo um corpo plástico, obedeça incontinenti a todos os comandos da vida mental em quaisquer situações, como se bastasse a oração e pronto! Existem, sim, situações em que apenas comandos de sugestão mental são suficientes para alterar a roupagem fluídica do espírito.

Quem fuma, por exemplo, no corpo físico, durante cinquenta anos, se não tiver a bênção do reencarne imediato, levará tempo similar
para erradicar do aparelho respiratório, no corpo espiritual, os efeitos indesejáveis do tabaco, caso tenha méritos para iniciar esse
tratamento tão logo desencarne. O enfisema tem raízes nas células perispirituais, efeitos da destruição lenta, gradativa. Através de
sucedâneos e de moderna tecnologia são feitas incisões nos centros de força laríngeo e cardíaco, que permitem acentuada redução da
compulsão de fumar.

Esse corpo plástico obedece também a mutações que resultam de adaptações milenares a temperaturas, flora e fauna microscópicos e,
sobretudo, a estados mentais crônicos.

O objetivo da cirurgia de Matias era remodelar a carcaça torácica já mais livre daquela condição animalizada, e retirar alguns chips de hipnose implantados em seu cérebro. A incorporação da noite, conforme informação de Clarisse, recolheu uma reserva de "matéria" necessária a todas essas medidas de uma só vez. Algo um tanto raro e que me deixou emotiva ao saber.

Cortes profundos nas camadas semimateriais do corpo espiritual deixavam fluir borbotões de sangue. Tudo igual aos quadros cirúrgicos humanos. A diferença ficava por conta da recomposição mais acelerada dos tecidos e da tecnologia avançadíssima em relação ao mundo terreno. Algumas incisões eram cicatrizadas na
hora, com uso de bisturis de raios luminosos, que mais tarde viria a se saber serem proje-tores quânticos capazes de alterar a constituição molecular da matéria, organizando-a conforme plantas
cromossômicas previamente estudadas por técnicos de genética bioplasmática, programadas para uso dos médicos em suas
cirurgias. Cada paciente com sua planta individual. O computador, que a esse tempo não havia surgido no mundo físico, já era usado com recursos potentes que antecediam em pelo menos cinquenta anos as descobertas e invenções humanas.

Observava atentamente, enquanto Clarisse, a meu lado, vez por outra, explicava-me alguns detalhes do caso. Ela estava nitidamente
emotiva.

Em certa etapa, já que podia ouvir tudo o que diziam os cirurgiões, um deles, sabendo de minha presença ali, mencionou meu nome e
disse: "Se tivéssemos mais médiuns dispostos a oferecer seu corpo físico a esse mister, certamente teríamos nosso trabalho mais
facilitado como o dessa hora e, o mais importante, obteríamos resultados promissores, como o que aqui constatamos. Dia virá em
que os médiuns espíritas reconhecerão o corpo físico como a usina mais poderosa de energia à disposição do ser humano para uso no bem".

Já se passavam cinquenta minutos de minuciosas ações no perispírito de Matias. Orava contrita pela iniciativa, quando um chamado inesperado convocou Clarisse aos portais de saída de Hospital Esperança.

Convidada a ir junto, não pestanejei. Deixei a vidraça, pedindo a Deus que abençoasse Matias em sua recuperação.

Chegando aos portais, Clarisse foi esclarecida por Cornélius:

— Recebemos um pedido de urgência dos abismos. Eurípedes está ferido e houve uma reação bem organizada dos ciclopes nos
paredões de penitência no Vale do Poder.

— Vamos partir imediatamente! - afirmou Clarisse. 

- Dona Modesta nos acompanhará.

Sem se opor à minha presença, partimos em direção às furnas do mal. Clarisse, eu, Cornélius e mais um grupo de defesa do Hospital
Esperança.

Chegando ao local, presenciei algo inusitado. O ciclope da mitologia grega não era pura imaginação. Indaguei de chofre:

— Quem são os ciclopes, Clarisse?

— Espíritos rudes a serviço do mal. Estamos na região subcrostal chamada Pântano das Escórias, subúrbio enfermiço do Vale do Poder.
Aqui são feitos prisioneiros os servidores da maldade organizada que não obtiveram êxito em seus planos nefandos. Castigos e sevícias de todo o porte são levados a efeito nestas plagas.

— Por que viemos aqui?

— Venha! Vamos encontrar nossa equipe.

Logo adiante estava Eurípedes com uma equipe de vinte a trinta defensores. Tinha o braço ferido. Quem imagina os espíritos isentos
dessa contingência, não concebe com exatidão os mecanismos fisiológicos e anatômicos do corpo espiritual, sujeito, nas proximidades vibratórias da Terra, às mesmas injunções de saúde e doença, dor e prazer. Um corte de dez centímetros na altura do ombro do benfeitor era cuidado com carinho por uma diligente enfermeira da equipe. A diferença ficava por conta do domínio mental. Enquanto era tratado, conversava atentamente com os presentes sem demonstrar uma nesga de sofrimento. Os ciclopes o feriram com seus chicotes impiedosos. Tive ensejo, ali mesmo, de
manifestar meu carinho ao amigo querido. Embora minha surpresa, o tempo e a experiência foram me mostrando que tudo era possível ocorrer em tais tarefas socorristas. Incêndios, tiroteios, ciladas, guerras armadas e outras tantas manifestações de violência já conhecidas da humanidade. Não cheguei a ver os ciclopes naquela ocasião, mas só a onda de crueldade deixada no ambiente já me apavorava.

Clarisse não regateava esclarecimentos a mim.

— Estamos no inferno de Dante, dona Modesta.

— Parece-me ser até pior do que ele descreveu.

— Sem dúvida.

— O que faremos agora?

— A tarefa por aqui já está cumprida. As entidades que necessitavam de socorro já foram levadas para onde prosseguirá o trabalho.

— Eram almas arrependidas?

— Não. Eram escravos da perversidade. Servidores inconscientes das sombras. Foram necessárias mais de quatro horas de intensas iniciativas para alcançar resultados no amparo. Ainda assim, veja o estado de nossos companheiros. Eurípedes ferido, os defensores exaustos e tudo isso apenas para que seis entidades pudessem ter acesso à manifestação mediúnica.

— Vão se comunicar a essa hora da noite? Que centro abriria suas portas? - expressei sabendo que já passava da meia-noite no relógio terreno.

— Os verdadeiros servidores cristãos só se utilizam do relógio com intuito disciplinar. Não condicionam o ato de servir aos ponteiros
limitantes do tempo. Visitaremos o Centro Umbandista Pai Guiné, nos arredores de Uberaba.

— O pai-de-santo Ovídio?

— Ele mesmo.

Tive de confessar, em um primeiro momento, meu preconceito. Guardava respeito pelas demais religiões, entretanto, nunca havia
refletido sobre quem seriam e onde estariam as cartas vivas do Cristo. Por uma tendência natural asilei o despeito. Ainda bem que
foi algo muito passageiro em meu coração, porque as experiências fora e dentro da vida corporal, cada dia mais, apresentavam-me
uma realidade distante das ilusões que adulamos sob o fascínio impiedoso do orgulho na sociedade terrena dos mortais.

Após as despedidas, a equipe de Eurípedes regressou ao hospital. O pedido de socorro foi uma medida preventiva. Apesar dos feridos e
exaustos, todos guardavam o clima da paz.

Por nossa vez, partimos para o Centro Pai Guiné. Era um ambiente agradável em ambos os planos. Ao som dos atabaques, eram
cantados os pontos em ritmo vibratório de alta intensidade. Cada canto era como uma verdadeira queima de fogos de artifício. Uma
bomba energética explodia no ar em multicores. 

Em uma das várias dependências astrais da casa havia uma enfermaria com oitenta leitos bem alinhados. Tudo nesse salão era limpeza e calmaria. Lá não se ouviam mais os cantos, e a conexão com o plano físico limitava-se ao trânsito de enfermeiros pelos vários portais interdimensionais. Regressamos ao ponto de
intersecção vibratória com o plano físico.

Seis macas estavam dispostas no canzuá (terreiro). Em cada qual havia uma entidade de aspecto horripilante. Olhos que quase saíam
das órbitas oculares, pele murcha, enrugada e suja, garras enormes no lugar das unhas, com dez centímetros, nas mãos e nos pés, todas
retorcidas como as de águia. Magérrimos e nus. Causavam náuseas pelo odor. Olhavam para nós deixando claro que nos viam e, literalmente, grunhiam como porcos com a boca semiaberta. Alguns deles estavam muitos inquietos nas macas. Retorciam-se como se
estivessem com dor, sem manifestar nenhum som. Vários hematomas estavam expostos em todos eles, devido aos castigos impostos nos paredões de penitência.

— As garras são colocadas para impedir a fuga. Não andam nem têm grande habilidade manual - informou Clarisse, com manifesto sentimento de piedade.

— Como serão socorridos?

— Pela incorporação profunda ou vampirismo assistido.

— Nos médiuns umbandistas?

Mal terminei a pergunta e vi uma cena nada convencional. Um dos enfermeiros da casa pegou uma das entidades no colo e jogou-a no
corpo do médium.

Demonstrando câimbras na panturrilha, o médium, incontinenti, absorveu mental e fisicamente o comunicante que se ajeitou no
corpo do medianeiro como se deitasse em um colchão, buscando a melhor posição. Os atabaques aceleraram o ritmo, criando um
frenesi de energia no ambiente. Formavam-se pequenos redemoinhos de cor violeta e prata, que se desfaziam e refaziam em vários cantos do terreiro. Modulavam conforme a nota musical dos hinos cantados.

O médium estrebuchou no chão. Convulsões e grunhidos seguidos de gritos de dor. Ovídio, o pai-de-santo aproximou-se e disse:

— Oxalá proteja seus caminhos, filho de Zambi (Deus)

— Eu sou filho do capeta. Quem és tu para falar comigo? - redarguiu a entidade, que agora falava com facilidade por intermédio do médium.

— Sou um tarefeiro da luz.

— Eu sou uma escória da sombra.

— Engano, criatura!

— Não vê minhas garras? Sabe o que isso?

— Conheço essa técnica. São ferrolhos do mal.

— Vejo que estais acostumados ao mal.

— Vim desses vales da sombra e da morte - falava Ovídio com firmeza na voz.

— Mas andas e és livre. Estais no corpo, enquanto eu... Eu sou um verme roedor... Ou quem sabe uma águia que não voa... Nem
sequer consigo andar graças a essa maldição que colocaram em meus pés... Nem comer mais... Veja minhas mãos... Eu tenho fome e
sede.

— Em que te posso ser útil irmão? - indagou Ovídio debaixo de uma forte vibração.

— Quero bebida e comida. Quero que cortem minhas garras.

— Laroyê! Laroyê! - gritou Ovídio já incorporado por um de seus guias que entoava o canto: "Eu sou Marabá, rei da mandinga. Eu sou Marabô, exu de nosso Senho. Laroyê!"

Uma energia colossal movimentou-se com a chegada do Exu Marabô. Os filhos-de-santo o saudavam com palmas rítmicas e pontos próprios da entidade. Muitos deles iam até Marabô, baixavam a cabeça em sinal de reverência à sua frente e batiam três palmas rítmicas na altura do abdômen do médium.

— Que tu quer, homem esfarrapado. Bebida pra mode se arrebenta mais?

— Não, senhor Marabô. Não é isso não.

— Não mente pra Marabô. Marabô sabe ler os ói (olhos). Nos ói tá a visão, mas tá também a verdade e a mentira.

— Eu não minto, senhor. Quero liberdade.

— Pra fazer o que dá na cabeça? Home tu preso é um perigo, livre é um desastre.

— O que o senhor vai fazer por mim? Não pedi a ninguém pra sair daquela joça de lugar fedorento. Por que me trouxe aqui?

— Não fui eu quem trouxe home. O veio Bezerra da luz é teu protetor. Sirvo a ele na graça de Oxalá, Pai de poder e misericórdia.

— Que queres comigo?

— Está feliz na matéria do cavalo (médium)?

— Sei que não é minha. Quero uma só pra mim.
— Esta gostando do contato?

— Só farto bebida e comida.

— Olha suas garras.

— Não pode ser! O que aconteceu?

— O cavalo tá dissolvendo suas algemas.

— Pra sempre?

— Pra sempre!

— Quanto vai me custar?

— Nada. É serviço de Pai Oxalá. É de graça. Pedido do veio Bezerra de Menezes. Se voltar pro inferno, elas crescem de novo. Se subir
com Bezerra da luz, vai ser cuidado no hospital da sabedoria, onde reina os filhos de Gandhi.

— Filhos de Gandhi? Por que se interessaria por escórias como nós. Veja lá nas macas os amigos estropiados - e apontou para a sala ao lado.

— Nada retira do ser humano a condição de Filho do Altíssimo.

***
Nota da editora - saudação típica aos exus, espíritos que atuam como policiais ou guardiões no mundo espiritual.

Nota da editora - uma linha de exu.

***

Dita essa frase, o espírito comunicante silenciou, enquanto o Exu Marabô fazia alguns rituais em cima do corpo do médium.
Instantaneamente, o médium convulsionou-se. Quatro auxiliares no plano físico continham o medianeiro a duras penas. Não sendo o
suficiente, mais três se aproximaram. Olhando de cá, não se sabia mais quem era o médium e quem era o desencarnado. Uma gosma saía pelas narinas e pela boca. Espasmos e taquicardia intensa eram aferidos por médicos atentos que monitoravam o médium e a entidade. O fenômeno era totalmente supervisionado. As unhas da mão e dos pés do comunicante sangravam. As garras foram
arrancadas até a raiz. Dores intensas e muita confusão mental assinalavam seu estado geral. Sedativos potentes foram aplicados no corpo espiritual do médium, diluindo no corpo do assistido. Repentinamente uma calmaria. Cessaram as convulsões. Na medida
em que o médium recobrava os sentidos, a entidade os perdia. Ajudado por integrantes do Centro Umbandista, o médium levantou-se vagarosamente e foi colocado em um pequeno colchão para refazimento. Em nosso plano, padioleiros disciplinados repetiram o procedimento com todos os outros cinco doentes de uma só vez em cinco médiuns distintos que, ao mesmo tempo, receberam os demais prisioneiros dos vales sombrios.

Após os serviços de higiene e primeiros socorros, ainda na enfermaria do Centro Umbandista, Clarisse convidou-me para o
primeiro contato com aquela criatura. Cornélius que se encontrava entre nós durante todo o trajeto, desde a saída do hospital, foi o
responsável pelo diálogo.

— Como está agora meu filho? Agora já consegue falar como um humano, filho do Pai.

— Filho? - mesmo sedada a entidade dava mostras de inteligência. - Não sou seu filho. Sou um carrasco.

— Ainda assim, filho de Deus e nosso irmão.

— Que ladainha é essa? Quem é você?

— Sou Cornélius, não se lembra?

— O mergulhador do lago de enxofre?

— Isso mesmo.

— Então foi você quem nos tirou daquela lama fétida!

— Em nome de Jesus Cristo e doutor Bezerra.

— Agora veio cobrar o preço pelo trabalho que não paguei. Quanto o tal Bezerra quer?

— De jeito algum. Trabalhamos por amor.

— E quer que eu acredite nisso!

— Não! De você só quero uma coisa.

— Sabia que viria algo em troca. Nada nesse mundo é de graça!

— Quero que fique bem e restaure sua paz.

— Acredita mesmo que um dia vou conseguir isso? O Exu lá na matéria falou de um hospital. É a casa do Barsanulfo?

— Sim, é lá mesmo.

— Muitos amigos da lama querem se tratar lá. Não sabemos como chegar. Você, por acaso, vai me dar o endereço?

— Vamos te levar lá, apenas isso! Nosso intuito é te livrar dessa escravatura e, igualmente, àqueles que você, sem querer, prejudica.

— A quem prejudicamos?

— Em especial, nosso irmão H.

— Ah! Então é isso! A preocupação de vocês é com o doutor H., aquele magnata do Espiritismo!

— Com ele, mas com você também.

— Acha mesmo que os mandantes vão parar? A gente sai e eles arrumam novos capatazes. O doutor H. é um devedor. Fez parte das fileiras...

— Nosso irmão, como qualquer um de nós é um batalhador em busca de remição. A perseguição a ele infligida ocasionou consequências mentais e emocionais graves.

— Ele merece. É um orgulhoso de carteirinha. E, de mais a mais você sabe de onde ele veio.

— Qual de nós, meu filho, não tem histórias e dramas com o inferno?

— Creio que o melhor é aceitarmos que a Terra é do demônio.

Assim todos serão felizes.

— Assim todos serão iludidos até se atolarem na maldade como meio de justiça.

— Pois é... E como ser diferente? Quem olha por quem, não é mesmo?! Tudo é interesse. Egoísmo.

— Nós estamos aqui olhando por você. Nosso interesse é você, seu bem-estar.

— E logo vão me apresentar uma farta conta, não é mesmo? Só de injeção devo ter tomado umas dez! Qual será o preço disso?

— Não queremos nada. O tempo e a sua recuperação serão as melhores respostas para sua ironia em nos intimidar. Por agora
quero que descanse. Amanhã você já acordará no Hospital Esperança.

—Acha mesmo que mereço ir a esse paraíso?

— Lá não é um paraíso, meu filho. Ao contrário, é lugar de almas arrependidas. Um purgatório de culpas e dores acerbas. Não fossem as expressões do amor que lá vigoram, seria algo muito similar ao lugar de onde você veio.

— Amor? E você ainda acredita nessa mentira? Amor é uma velha estratégia de poder. Diga-se de passagem, cada dia mais fraca e sem
alcance. O tal Eurípedes e Jesus podem desistir desse método de convencimento. A Terra está perdida!

A entidade ainda fez uma fisionomia de deboche, mas não conseguiu reagir aos sedativos. Adormeceu. Ouviam-se ainda os
cantos no Centro Umbandista. Desta vez dirigidos a Oxumaré e Oxalá para acalmar o ambiente. Passavam de duas horas da
madrugada. Impressionou-me o vigor dos médiuns umbandistas. Ao voltar para seus lares, brincavam como crianças sem nenhuma
menção ao labor ora realizado. Desprendidos da doação e com extremo bom humor. Ovídio e sua esposa levavam em seu automóvel as senhoras mais idosas. Os mais jovens seguiam a pé pelos matagais em direção às zonas rurais de Uberaba. Todos assistidos por nobres entidades do amor e do bem em nome de Bezerra de Menezes. Heróis anônimos de um tempo de coragem e pura espontaneidade. Por nossa vez, seguíamos para o hospital, pois a atividade ainda era intensa. Já se aproximando a manhã, foi a própria Clarisse que me procurou e disse:

— Imagino que esteja curiosa sobre muitas das ocorrências desta noite, dona Modesta.

— Clarisse, sinto-me como se estivesse em um país distante e, ao mesmo tempo, tão próximo. Não sei o idioma, não conheço ninguém, enfim, estou mentalmente sem referência, embora tudo me seja muito familiar.

— É assim mesmo! Quando nos está reservada uma missão, inicialmente, ficamos atordoados e inquietos sem entender claramente os motivos. Tudo o que a senhora tem presenciado será
o alicerce de uma grande tarefa, que reunirá velhos compromissos da caminhada.

— Ciclopes, escórias, lago de enxofre, irmão H., feridas em Eurípedes, a maldade calculada...

— São muitas novidades, não é, dona Modesta?

— Parece-me outro mundo, mas ao mesmo tempo a sensação é a mesma que sinto quando no corpo físico. Por várias vezes manifestei tais impressões ao meu marido e familiares. Concluí que somente eu as sinto. Isso é a mediunidade, Clarisse?

— Sem dúvida. Somente com essa faculdade da alma ampliada somos capazes, mesmo estando no escafandro do corpo físico, de
registrar a realidade da psicosfera que cerca a humanidade. De fato, o ambiente espiritual da Terra avança para lamentáveis e decisivos
episódios que determinarão mudanças inadiáveis no planeta. O joio, mais que nunca, surgirá nas benfazejas plantações de trigo,
confundindo os incautos, desafiando os inteligentes e convocando os que amam aos mais duros testemunhos em favor do futuro
regenerativo da humanidade. Esse é o motivo de trabalharmos com desvelo por tais carentes da alma.

— Pensei, ao conhecer o Espiritismo, que teria sossego; que a tormenta mental viesse a cessar por completo.

— Dona Modesta, nas linhas de serviço do Cristo é justo que o trabalhador devotado colha o fruto íntimo do sossego interior, em face dos esforços de ascensão moral. Todavia, nossa condição espiritual é muito grave para sonhar com facilidades e conforto. Em nosso ciclo de lutas evolutivas, raramente escapamos de interpretar sossego como satisfação pessoal garantida, interesse particularista. Quem segue Jesus deve ter como lema fundamental o ato de servir e aprender, educar e trabalhar. Quem foge desse movimento divino de ascensão, carregando na alma tão severos compromissos
conscienciais, como nós, certamente se renderá ao fascínio da obsessão, confundindo felicidade com facilidade.

— Preciso me acostumar a esse conceito.

— Ele está em sua alma. É uma questão de tempo para que a crisálida se rompa e permita o voejar das nobres conquistas de seu
coração. Sugiro que, antes de regressar ao corpo, a senhora desonere a mente das perguntas que a torturam.

— Farei algumas para aliviar minha inquietação. Elas são muitas. Os ciclopes e aquele lugar infeliz são obras dos dragões?

— Existe amor nos pântanos, dona Modesta. Muitas são as Moradas do Pai. Ali se encontram os diamantes no lodo. Quaisquer denominações que usemos para classificá-los não passam de mera contingência didática. São filhos do mesmo Pai que tutela nossa caminhada ao progresso. O Sol não escolhe onde refletir seus raios luminosos. Abençoa a gleba, mas igualmente irradia sobre os lamaçais nos abismos. Existe amor nos abismos. Os locais visitados esta noite são criações suburbanas da Cidade do Poder. O Vale do Poder é um resíduo social, um efeito inevitável de uma estrutura
comunitária rebelde às leis divinas. É a estrada marginal aos principais acontecimentos históricos nessas localidades em milhares
de anos. Os ciclopes e todos os componentes dessa organização são metamorfoses mentais a que se submetem quantos se rendem às
sugestões do mal. Tudo que surge nesses pátios tem algo a ver com os dragões. São eles, por assim dizer, os gestores dessas ilusões de
poder e domínio. Os ciclopes são muito violentos.

— E se tem a ver com eles, tem algo com a doutrina!

— Exatamente.

— Por isso a perseguição ao doutor H., nosso irmão no Rio de Janeiro?

— Sim, dona Modesta.

— Nutro por ele elevado reconhecimento pelos serviços que desenvolve. Temos nos correspondido ocasionalmente.

Compilado por Márcio Varela

Extraído do livro Os Dragões - O diamante no lodo não deixa de ser diamante - Médium Wanderley Oliveira - pelo espírito Maria Modesto Cravo

Em tudo: caridade


Fabiano de Cristo 

Meus filhos.
A reencarnação na Terra é caminho para a vitória da caridade que, em si mesma, representa o Divino Amor na base da vida.

O mundo é templo de caridade.

O corpo é o abrigo da caridade em que somos resguardados para servi-la.

O ar é fluido da caridade.

O pão é bênção da caridade.

A fonte é recurso da caridade.

O lar é instituto de caridade.

Em todos os dons da existência, surpreendemos o apoio da caridade para que aprendamos a estender caridade.

A família roga caridade.

O companheiro aguarda caridade.

O vizinho espera caridade.

O chefe reclama caridade.

O subordinado pede caridade.

O doente solicita caridade.

O ofensor exige caridade.

O irmão do caminho, seja ele quem for, passa por nós, buscando caridade.

Precisamos, assim, de caridade no sentimento e na ideia, na palavra e na atitude, na ação e no exemplo, constantemente, constantemente…

Se nos propomos seguir com Jesus, à procura dos Planos superiores, acomodemo-nos aos imperativos da caridade, em todas as circunstâncias, recordando que ele mesmo, o Divino Mestre, a fim de resumir todos os princípios da Sua doutrina libertadora, afirmou para os ouvidos de todos os séculos: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

XAVIER. Francisco Cândido. Seguindo Juntos. Espíritos Diversos. GEEM. 1982.

19/02/2025

O Problema Mediúnico


O Problema Mediúnico - Capítulo V

Foi por intermédio do mediunismo que o espiritismo fez seu advento. Foi com seu concurso que sua sistematização foi feita, que
seu corpo de doutrina foi criado. O mediunismo, surgindo então em
bloco, aparece como um movimento inteiramente novo e permanente. Ele ficou formando toda a aparelhagem de manifestações espíritas e de “comunicações”, entre o mundo invisível e o mundo visível, e por onde devia ficar vazado todo o material que havia de constituir as bases do edifício que ia ser erguido. É em torno dele que começa a girar toda a arquitetônica do pensamento espírita.

Depois da publicação de O Livro dos Espíritos, o intuito principal de Allan Kardec é justamente fazer o estudo dessas manifestações e de tudo o que tem relação com o médium. É o que compreende a Instrução prática sobre as manifestações espíritas (Instructions pratiques sur les manifestations spirites) publicada em
1858 e O Livro dos Médiuns (Les Livre des Mediums, 1861). Esses dois livros são ainda hoje duas fontes imprescindíveis, as primeiras
fontes onde todos os que são médiuns e os que se servem de médiuns, devem ir beber.

Fazendo o estudo das forças mediúnicas, Allan Kardec julgava, entretanto, que nenhuma experiência devia ser tentada sem o conhecimento prévio da teoria, pelo menos nos seus dados preliminares. Dá-se com o espiritismo o mesmo que se dá com as outras
ciências. Para que sejam feitas experiências em qualquer outro ramo da ciência, é necessário possuir-se conhecimentos, ainda que elementares dessa ciência. “Para fazer-se experiência de física ou de química, lembrava bem Allan Kardec, é preciso conhecer-se a
física e a química.”

Com a lógica é que poderão ser obtidos os melhores resultados no estudo do espiritismo. Não será com experiências exclusivamente
que a maioria dos descrentes ficará convencida. “Desde que nos ocupamos de espiritismo, disse Allan Kardec, muitas pessoas nos têm vindo procurar mostrando-se indiferentes ou incrédulas diante dos fatos os mais patentes, e que não se convenceram senão mais tarde depois de uma explicação racional. E quantas não têm sido persuadidas sem nada terem visto, mas unicamente porque tinham compreendido! É, pois, por experiência que falamos, e é também porque dizemos que o melhor método de ensino espírita é de se dirigir à razão antes de se dirigir aos olhos.”

Isto não quer dizer que Allan Kardec menosprezasse os fatos. Sua importância não pode ser contestada. O que ele diz é que os fatos
sem o raciocínio não bastam para firmar convicções. Mostrando-se que eles não têm nada de contrário à razão, fica-se mais disposto a aceitá-los. Dez pessoas, diz ele, que assistam a uma sessão de experiências, ainda que seja das mais satisfatórias, nove sairiam sem crer, porque as experiências não podem corresponder à sua expectativa. Será de outra maneira se elas tiverem o conhecimento teórico antecipado. O insucesso que haja, porventura, não as surpreende, porque elas conhecem as condições em que os fatos se produzem e vêem que é preciso não exigir senão aquilo que pode ser dado. A inteligência dos fatos as põe em estado de perceber as anomalias, permitindo-lhes apreender uma multidão de detalhes, de nuanças, que para elas são meios de convicção e que escapam ao observador ignorante. “Tais são
os motivos, acrescenta Allan Kardec, que nos levam a não admitir nas nossas sessões experimentais, senão as pessoas que possuam noções preparatórias, suficientes para compreender o que se faz nelas”.

Allan Kardec, Le Livre des Mediums, n° 31.
31 Idem, nº 38

O médium tendo representado um papel decisivo na constituição do espiritismo, pergunta-se então o que é um médium, o que é a mediunidade.

É desnecessário discorrer aqui sobre a causa principal da mediunidade, bem entendido, da mediunidade real e efetiva, isto é, sobre a causa moral, com que ela se apresentou. O espiritismo aparecendo com os foros de uma filosofia eminentemente regeneradora e o mediunismo em conjunto tendo sido seu modo único de divulgação, a mediunidade em particular não podia deixar de trazer a mesma finalidade moral. O que é preciso saber agora é em que
condições físicas, ou antes, fisiológicas, ela se opera, e o que constitui uma natureza mediúnica.

A questão fisiológica da mediunidade não foi ventilada na época do aparecimento do espiritismo. Tendo sido alegado apenas que
a mediunidade provinha do organismo ou que dependia de um organismo mais ou menos sensitivo, não era resolver a questão. Parece mesmo que ela não poderá ser resolvida ou bem elucidada, senão depois de ter sido feito o estudo das funções perispirituais no indivíduo. O que hoje se sabe também pouco adianta. Confirma-se a mesma ideia com um pouco mais de precisão. É, de fato, em virtude de um organismo apropriado que a mediunidade se verifica. Ela depende, na expressão de um espírito esclarecido, de uma constituição orgânica físicoquímica especial.

O médium é então um indivíduo que aparece com a faculdade de filtrar por si, num estado especial, ou sob ação magnética de um es-
pírito, através dos tecidos orgânicos, sua substância fluídica, total ou parcialmente. Vê-se então se o médium, só por isso, não é uma entidade patológica, como disse Allan Kardec, é, entretanto, um ser anormal.

Pierre Cornillier, La Survivance de l'Ame, págs. 120 e 147.

O estudo das principais espécies de médiuns mereceu de Allan Kardec uma análise demorada. Ele as resume, de acordo com seus guias espirituais, num “quadro sinótico” e faz dele, com a “escala espírita”, que é uma classificação dos espíritos, publicada em O Livro dos Espíritos e na Instruções práticas sobre as manifestações espíritas, dois elementos essenciais para o estudo do espiritismo.

Considerando o mediunismo, na orientação mesma da classificação feita por Allan Kardec, em relação aos médiuns, quando os divide nas duas categorias de efeitos físicos e intelectuais, nota-se que todo ele foi, na aparição, dominado por dois problemas fundamentais: o das manifestações físicas e o das manifestações intelectuais, ou mais propriamente “comunicações”. Encarada no sentido mais largo, vê-se que a classificação das
manifestações mediúnicas em físicas e intelectuais é ainda a que deve ser adotada. Entretanto, pelo seu caráter geral, ela pode dar lugar a outras classificações, ou, antes, subclassificações, que não podem dei-
xar de ser feitas, desde que se queira estudar as causas dessas manifestações e seus processos. Isso quer dizer que as manifestações mediú-
nicas, como as físicas, inclusive as biológicas, como as intelectuais, inclusive as psicológicas, não estando todas sujeitas à mesma totalida-
de de circunstâncias, cada ordem de manifestações deve ser classificada à parte, com seu modo de interpretação, com o estudo, enfim, de seu mecanismo.

Não há necessidade de fazer o estudo das manifestações físicas e das intelectuais, porque foram longamente estabelecidas por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns. O que ficou dito por ele basta para provar cabalmente a exatidão de certos princípios mediúnicos. O mais importante deles, o mais geral, o que ficou predominando no estudo particular dos fenômenos mediúnicos, é o de necessidade imprescindível da ação dos dois perispíritos, o do médium e o do espírito operador, ação praticada, ou no sentido de uma combinação fluídica com exteriorização parcial ou total do médium, ou no sentido somente de uma desassociação perispírita com ação orgânica direta. Essa correlação entre os dois perispíritos deve ser indicada assim, como o postulado fundamental do mediunismo.

Por outro lado, essa correlação não se efetua senão por causa de certas propriedades que possui o perispírito, e que já foram
indicadas atrás, como as de dilatação, condensação, assimilação, penetrabilidade e magnetização, que devia ser antes considerada
como uma propriedade eletromagnética. São elas, pode-se dizer, que fazem germinar nos organismos físicos apropriados, que se vão
generalizando cada vez mais, as diferentes faculdades mediúnicas, que podem ser cultivadas e educadas.

É também indispensável não esquecer a influência, não só moral como física, que sofrem os fenômenos mediúnicos, influência
sempre exercida, não só pelo estado evolutivo do médium, como pelos meios ambiente e cósmico. Tudo concorre para que sejam criadas situações vibratórias particulares, que são sempre postas em jogo pelo impulso de forças atrativas e repulsivas, e por outras ainda não estudadas, mas observadas.

Extraído do livro Allan Kardec e o Espiritismo - Chrysanto de Brito - Ed ECO

Deus sabe


Irmão José 

Há quem te menospreze?
Mas Deus te valoriza.

Muitos não te acreditam?
Deus, porém, te conhece.

Padeces perseguições?
Deus sabe defender-te.

A situação se agrava?
Deus sabe como intervir.

Dúvidas quanto ao futuro?
Deus sabe o que é melhor.

Suceda o que suceder,
Conta sempre com Deus.

XAVIER. Francisco Cândido. BACCELI. Carlos. Crêr e Agir. Por Espíritos Diversos. IDEAL. 1985.

18/02/2025

Prece familiar


Prece

Senhor, nós vos pedimos, visita esta habitação e dela afasta todas as insídias do inimigo.

Que os vossos Celestes Mensageiros sejam sempre conosco e velem por esta morada e nos guarde em paz; que a vossa bênção sobre nós desça sempre, por Jesus Cristo Senhor nosso.

A Vida e a Morte


68. Qual a causa da morte dos seres orgânicos?

“Esgotamento dos órgãos.”

a) — Poder­se-­ia comparar a morte à cessação  do  movimento de uma máquina desorganizada?

“Sim; se a máquina está mal montada, cessa o movimento; se o corpo está infermo, a vida se extingue.”

69. Por que é que uma lesão do coração mais depressa causa a morte do que as de outros órgãos?

“O coração é máquina de vida, não é, porém, o único  órgão cuja lesão ocasiona a morte. Ele não passa de uma das peças essenciais.”

70. Que é feito da matéria e do princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem?

“A matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital volta à massa donde saiu.” 

Morto o ser orgânico, os elementos que o compõem sofrem novas combinações, de
que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da
atividade, o absorvem e assimilam, para novamente o restituírem a essa fonte, quando
deixarem de existir. Os órgãos se impregnam, por assim dizer, desse fluido vital e esse fluido
dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as funções momentaneamente perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais ao  funcionamento dos órgãos estão destruídos, ou  muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente para lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre. Mais ou  menos necessariamente, os órgãos reagem uns sobre os outros, resultando essa ação recíproca da harmonia do conjunto por eles formado. Destruída que seja, por uma causa qualquer, esta harmonia, o funcionamento deles cessa, como o movimento da máquina cujas  peças  principais se desarranjem. É o que se verifica, por exemplo, com um relógio gasto pelo uso, ou que sofreu um choque por acidente, no qual a força motriz fica impotente para pô­lo de novo a andar. 

Num aparelho elétrico temos imagem mais exata da vida e da morte. Esse aparelho, como  todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado  latente. Os fenômenos  elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido é posto em atividade por uma causa especial. Poder­se-­ia então  dizer que o aparelho está vivo. Vindo  a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia. Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. Acessação dessa atividade causa a morte. 

A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o  possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de  certo modo, superabundante. 

A quantidade  de fluido vital se esgota. Pode tornar­-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o  contêm. 

O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá­lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a
extinguir­se.

Extraído de O livro dos Espíritos - Cap IV - Do Princípio Vital - A Vida e a Morte

Não deixe que a calúnia o perturbe!


Não deixe que a calúnia o perturbe!
Todos nós estamos sujeitos à calúnia.
Mas saiba superá-la, vivendo de tal maneira que o caluniador não tenha razão.
Não revide um ataque com outro ataque.
Não se magoe com o caluniador.
Perdoe sempre.
Apenas viva de tal maneira, que jamais o caluniador tenha razão.

Extraído do livro Minutos de Sabedoria, de C. Torres Pastorino

17/02/2025

A Tradição Messiânica

Capítulo 2

A tradição espiritual do mundo, em seus setores mais altos, ensina que a criação subordina-se aos seguintes princípios universais: um Criador, um Agente Executor e um Alento Animador, assim discriminados:

O princípio incriado gerante — esfera do pensamento divino abstrato.
O princípio criado criante — esfera dos agentes cósmicos criadores de mundos.
O princípio criado imanente — esfera das manifestações do espírito
divino na criação.

Nas religiões:

O primeiro princípio é Deus — o Pai Criador absoluto.
O segundo princípio — o pensamento abstrato fora de Deus
manifestado como criação pela ação dos agentes cósmicos — é o Filho.

O terceiro princípio — o pensamento divino derramado na
criação como vida, inteligência e amor — é o Espírito Santo.
Esta é a base fundamental das Trindades, imaginadas por algumas
religiões como a bramânica, a egípcia e a persa, entre outras, de onde foram copiadas, inclusive por religiões dogmáticas cristãs.

Eis as Trindades mais conhecidas:

Brama, Shiva e Vishnu
Osíris, Ísis e Orus
Ea, Istar e Tamus
Zeus, Demétrio e Dionísio
Baal, Astarté e Adonis
Orzmud, Ariman e Mitra
Voltan, Friga e Dinar

Os agentes diretos de Deus são as inteligências Divinas que animam, santificam e presidem à formação de universos e galáxias, e que, a seu turno, delegam poderes a agentes seus — os Cristos — que, como verbos divinos, corporificam seus pensamentos, executando a criação de planetas, satélites e astros em geral, dos diferentes sistemas planetários e que são os governadores espirituais desses diferentes orbes. Esta é, de forma grosseira e aproximada da realidade, a discriminação mística das tarefas de agentes divinos na criação dos mundos. Em conceito mais objetivo e científico, a criação se opera de forma algo diferente: as inteligências Divinas, como agentes diretos de Deus, corporificam e emitem ondas sucessivas de energia criadora inteligente, que se projetam nos espaços criando os átomos, germes de vida, que potenciam energias, inteligência e amor, os quais se aglomeram e multiplicam dentro de leis divinas preexistentes, formando os mundos materiais e os seres vivos.

Jesus de Nazaré, como agente da Entidade a cuja jurisdição e dependência a Terra se encontra, como mundo formado em um sistema planetário, agindo no mesmo sentido, concorreu à formação do nosso globo e de todos os seres que o habitam, passando a ser seu Governador Planetário. Na história religiosa, é o Messias — o ungido — encarnado na Palestina, a quem Pedro se referiu quando disse: “Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo”. “Cristo”, na sua significação de ungido, consagrado e “filho de Deus vivo”, no sentido de que evoluiu em mundos materiais o que, aliás, Ele mesmo o confirma quando se intitulou “O Filho do Homem”.

A mesma tradição espiritual também revela que, em determinadas
épocas, segundo as necessidades evolutivas do planeta, altos Espíritos, por si ou como enviados do Cristo, encarnaram-se nos diferentes orbes, levando às humanidades que os habitam, impulsos novos e diretrizes mais avançadas de progresso espiritual.

Segundo essa tradição o Governador Espiritual da Terra já encarnou em meio a seus habitantes várias vezes, a saber: duas na Lemúria, como Numu e Juno, com a 3 Raça-Mãe; duas na Atlântida, o berço da legendária 4 Raça, como Anfion e Antúlio, por intermédio de cujos discípulos a tradição espiritual mais antiga transferiu-se para o Mediterrâneo; uma na Pérsia, como Krisna, uma na Índia, como Buda, e uma última, como Jesus, na Palestina.

Nessas encarnações esses altos Espíritos têm vindo ora como
precursores intelectuais de conhecimentos filosóficos, científicos, religiosos e artísticos; ora como pregadores de paz e de concórdia, no encaminhamento de povos bárbaros à civilização; ora como reformadores sociais e guias religiosos.

Na Palestina veio Jesus, no ponto mais alto da revelação eternizada, como exemplificador do amor universal, a fraternidade dos homens e a paternidade de Deus, conforme o enunciado fundamental do “amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Verdadeiras no todo, ou somente em parte delas, essas tradições,
enviado do Cristo Planetário, ou encarnação deste mesmo, o certo é que esses altos missionários realizaram suas edificantes tarefas apontando diretrizes morais concordantes com a evolução humana de cada época; revelaram os mais adequados conhecimentos sobre a vida e a morte e deram à existência humana um elevado e sublime sentido espiritual, não obstante nem sempre compreendidos e aceitos; pregaram sempre as mesmas verdades
fundamentais, por mais que se tivessem colocado afastados uns dos outros, o que prova serem sequentes e progressivas as revelações espirituais.

Os conhecimentos revelados por esses magnânimos Espíritos foram conservados em vários lugares.

No oriente, pelos Flâmines, sacerdotes filiados aos cultos da antiga
Lemúria, berço das primeiras encarnações humanas em nosso globo e onde se esboçaram os rudimentos da consciência dos seres primitivos dos quais descendemos, sacerdotes esses que, com o afundamento desse continente, passaram à Índia e lá viveram, em suas montanhas e florestas, até o advento de Krisna, quando então desceram para o Ceilão, fundando ali os santuários
denominados “Torres de Silêncio”.

Extraído do livro O Redentor - Edgar Armond

Imperativo da Fé


Emmanuel

Há quem diga que existem homens absolutamente sem fé; no entanto, a fé expressa em si mesma um agente indispensável nos mais simples processos da existência.

Um companheiro nessas condições, talvez ainda não consiga assimilar a confiança nas Leis Divinas que nos regem, mas não conseguirá dispensar a fé no trânsito das horas.

Ainda que não perceba, semelhante amigo estará usando a fé nas menores tarefas que lhe digam respeito.

Confiará no motorista de cujo trabalho se aproveita para ganhar tempo e distância; acreditará na casa bancária que lhe preserva as economias, de cujo chefe nem sempre conseguirá apertar as mãos; entregar-se-á ao médico, sempre que necessite reajustar a saúde. 

Confia no laboratório que lhe fornece o medicamento indicado a reequilicar-lhe as energias orgânicas e crerá na higiene e na experiência de quem lhe prepara a alimentação.

É inútil que esta ou aquela pessoa se declare inteiramente sem fé, porquanto sem confiar em alguém ou sem acreditar no valor de recursos determinados, ninguém poderá viver.

(Extraído do livro Confia e Segue - Francisco C. Xavier - Espírito de Emmanuel)

16/02/2025

Conhecer-se


André Luiz

Não se menospreze.
Eduque-se.

Não se marginalize.
Trabalhe.

Não apenas administre.
Obedeça.

Não apenas mande.
Faça.

Não condene.
Abençoe.

Não reclame.
Desculpe.

Não desprimore.
Dignifique.

Não ignore.
Estude.

Não desajuste.
Harmonize.

Não rebaixe.
Eleve.

Não escravize.
Liberte.

Não ensombre.
Ilumine.

 Não se lastime.
 Avance.

Não complique.
Simplifique.

Não fuja.
Permaneça.

Não dispute.
Conquiste.

Não estacione.
Renove.

Não se exceda.
Domine-se.

Lembre-se: todos nós em tudo, dependemos de Deus, mas os empresários de nosso êxito, em qualquer ocasião, seremos sempre nós mesmos.

XAVIER. Francisco Cândido. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. GEEM. 1975.

15/02/2025

Encontro em Hollywood


No artigo de hoje, até então desconhecido por mim, trago um relato de um contato realizado por um dos espíritos que acompanhavam Chico Xavier, Irmão X (pseudônimo de Humberto de Campos) à então belíssima Marlyn Monroe durante uma viagem feita por Chico e seu amigo Waldo Vieira aos Estados Unidos, na década de 1965.

Durante sua volta Chico Xavier trouxe uma página psicografada através do Irmão X à desencarnada Marlyn Monroe, ícone de sensualidade e beleza americana.

Vejamos a entrevista a seguir:

Caminhávamos, alguns amigos, admirando a paisagem do Wilshire Boulevard, em Hollywood, quando fizemos parada, ante a serenidade do Memoriam Park Cemetery,
entre o nosso caminho e os jardins de Glendon Avenue.

A formosa mansão dos mortos mostrava grande movimentação de Espíritos libertos da
experiência física, e estranhos.

Tudo, no interior, tranqüilidade e alegria.
Os túmulos simples pareciam monumentos erguidos à paz, induzindo à oração. Entre as
árvores que a primavera pintura de verde novo, numerosas entidades iam e vinham, muitas delas escoradas umas nas outras, à feição de convalescentes, sustentadas por enfermeiros em pátio de hospital agradável e extenso.

Numa esquina que se alteava com o terreno, duas laranjeiras ornamentais guardavam o
acesso para o interior de pequena construção que hospeda as cinzas de muitas
personalidades que demandaram o Além, sob o apreço do mundo. A um canto, li a
inscrição: =Marilyn Monroe – 1926-1962=. 

Surpreendido, perguntei a Clinton, um dos
amigos que nos acompanhavam:

- Estão aqui os restos de Marilyn, a estrela do cinema, cuja história chegou até mesmo ao
conhecimento de nós outros, os desencarnados de longo tempo no Mundo Espiritual?

- Sim – respondeu ele, e acentuou com expressão significativa: - não se detenha, porém, a tatear-lhe a legenda mortuária... Ela está viva e você pode encontrá-la. Aqui e agora...

- Como?

O amigo indicou frondoso olmo chinês, cuja galharia compõe esmeraldino refúgio no largo
recinto, e falou:

- Ei-la que descansa, decerto em visita de reconforto e reminiscência...

A poucos passos de nós, uma jovem desencarnada, mas ainda evidentemente enferma, repousava a cabeleira loura no colo de simpática senhora que a tutelava. Marilyn Monroe, pois era ela, exibia a face desfigurada e os olhos tristes. Informados de que nos seria
lícito abordá-la, para alguns momentos de conversa, aproximando-nos, respeitosos.

Clinton fêz a apresentação e aduzi:

- Sou um amigo do Brasil que deseja ouvi-la.

- Um brasileiro a procurar-me, depois da morte?

- Sim, e porque não? – acrescentei – a sua experiência pessoal interessa a milhões de
pessoas no mundo inteiro...

E o diálogo prosseguiu:

- Uma experiência fracassada...

- Uma lição talvez.

- Em que lhe poderia ser útil?

- A sua vida influenciou muitas vidas e estimaríamos receber ainda que fosse um pequeno recado de sua parte para aqueles que lhe admiraram os filmes e que lhe recordam no
mundo a presença marcante...

- Quem gostaria de acolher um grito de dor?

- A dor instrui...

- Fui mulher como tantas outras e não tive tempo e nem disposição para cogitar de
filosofia.

- Mas fale mesmo assim...

- Bem, diga então às mulheres que não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso... Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo
do cotidiano.

- Admite, desse modo, que a mulher deve permanecer no lar, de maneira exclusiva?

- Não tanto. O lar é uma instituição que pertence à responsabilidade tanto da mulher
quanto do homem. Quero dizer que a mulher lutou durante séculos para obter a
liberdade... Agora que a possui nas nações progressistas, é necessário aprender a
controlá-la. A liberdade é um bem que reclama senso de administração, como acontece
ao poder, ao dinheiro, à inteligência...

Pensei alguns momentos na fama daquela jovem que se apresentara à Terra inteira, dali
mesmo, em Hollywood, e ajuntei:

- Miss Monroe, quando se refere à liberdade da mulher, você quer mencionar a liberdade
do sexo?

- Especialmente.

- Porquê?

- Concorrendo sem qualquer obstáculo ao trabalho do homem, a mulher, de modo geral, 
se julga com direito a qualquer tipo de experiência e, com isso, na maioria das vezes, 
compromete as bases da vida. Agora que regressei à Espiritualidade, compreendo que a 
reencarnação é uma escola com muita dificuldade de funcionar para o bem, toda vez que a mulher foge à obrigação de amar, nos filhos, a edificação moral a que é chamada.

Deseja dizer que o sexo...

- Pode ser comparado à porta da vida terrestre, canal de renascimento e renovação, capaz de ser guiado para a luz ou para as trevas, conforme o rumo que se lhe dê.

- Ser-lhe-ia possível clarear um pouco mais este assunto?

- Não tenho expressões para falar sobre isso com o esclarecimento necessário; no entanto, proponho-me a afirmar que o sexo é uma espécie de caminho sublime para a manifestação do amor criativo, no campo das formas físicas e na esfera das obras espirituais, e, se não for respeitado por uma sensata administração dos valores de que se constitui, vem a ser naturalmente tumultuado pelas inteligências animalizadas que ainda se encontram nos níveis mais baixos da evolução.

- Miss Monroe – considerei, encantado, em lhe ouvindo os conceitos -, devo asseverar-
lhe, não sem profunda estima por sua pessoa, que o suicídio não lhe alterou a lucidez.

- A tese do suicídio não é verdadeira como foi comentada – acentuou ela sorrindo. – Os
vivos falam acerca dos mortos o que lhes vem à cabeça, sem que os mortos lhes possam
dar a resposta devida, ignorando que eles mesmo, os vivos, se encontrarão, mais tarde,
diante desse mesmo problema... A desencarnação me alcançou através de tremendo processo obsessivo. Em verdade, na época, me achava sob profunda depressão. Desde menina, sofri altos e baixos, em matéria de sentimento, por não saber governar a minha liberdade... Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semi-inconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava uma simples dose de pílulas mensageiras do sono...

- Conseguiu dormir na grande transição?

- De modo algum. Quando minha governanta bateu à porta do quarto, inquieta ao ver a
luz acesa, acordei às súbitas da sonolência a que me confiara, sentindo-me duas pessoas
a um só tempo... Gritei apavorada, sem saber, de imediato, identifica-me, porque lograva
mover-me e falar, ao lado daquela outra forma, a vestimenta carnal que eu largara... Infelizmente para mim, o aposento abrigava alguns malfeitores desencarnados que, mais
tarde, vim a saber, me dilapidavam as energias. Acompanhei, com indescritível angústia,
o que se seguiu com o meu corpo inerme; entretanto, isso faz parte de um capítulo do
meu sofrimento que lhe peço permissão para não relembrar...

- Ser-lhe-á possível explicar-nos porque terá experimentado essa agudeza de percepção,
justamente no instante em que a morte, de modo comum, traz anestesia e repouso?

- Efetivamente, não tive a intenção de fugir da existência, mas, no fundo, estava incursa
ao suicídio indireto. Malbaratara minhas forças, em nome da arte, entregara-me a
excessos que me arrasaram as oportunidades de elevação... Ultimamente, fui informada
por amigos daqui de que não me foi possível descansar, após a desencarnação,
enquanto não me desvencilhei da influência perniciosa de Espíritos vampirizadores a
cujos propósitos eu aderira, por falta de discernimento quanto às leis que regem o
equilíbrio da alma.

Compreendo que dispõe agora de valiosos conhecimentos, em torno da obsessão...

- Sim, creio hoje que a obsessão, entre as criaturas humana, é um flagelo muito pior que
o câncer. Peçamos a Deus que a ciência no mundo se decida a estudar-lhe os problemas
e resolvê-los...

A entrevistada mostrava sinais de fadiga e, pelos olhos da enfermeira que lhe guardava a
cabeça no regaço amigo, percebi que não me cabia avançar.

- Miss Monroe – concluí -, foi um prazer para mim este encontro em Hollywood. Podemos,
acaso, saber quais são, na atualidade, os seus planos para o futuro?

Ela emitiu novo sorriso, em que se misturavam a tristeza e a esperança, manteve silêncio
por alguns instantes e afirmou:

- Na condição de doente, primeiro, quero melhorar-me... Em seguida, como aluna no
educandário da vida, preciso repetir as lições e provas em que fali... Por agora, não devo
e nem posso ter outro objetivo que não seja reencarnar, lutar, sofrer e reaprender...
Pronunciei algumas frases curtas de agradecimento e despedida e ela agitou a pequenina mão num gesto de adeus. Logo após, alinharei estas notas, à guisa de reportagem, a fim de pensar nas bênçãos do Espiritismo Evangélico e na necessidade da sua divulgação.


Extraído do livro Extante da Vida - Pelo espírito Irmão X - Obra psicografada por Francisco Cândido Xavier

Prece do Anjo Ismael


Glória a Deus nas alturas, paz aos homens na Terra! Jesus, bom e amado Mestre, sustenta os teus humildes irmãos pecadores nas lutas deste
mundo.

Anjo bendito do Senhor, abre para nós os teus compassivos braços; abriga-nos do mal, levanta os nossos espíritos à Majestade do teu reino, e
infunde em todos os nossos sentidos a luz do teu imenso amor.

Jesus, pelo teu sublime sacrifício, pelos teus martírios na Cruz, dá, a esses que se acham ligados ao pesado fardo da matéria, orientação
perfeita do caminho da virtude, o único pelo qual podemos te encontrar.

Jesus, paz a eles, misericórdia aos nossos inimigos e recebe em teu seio bendito a prece dos últimos dos teus servos.

Bendita Estrela, Farol das imortais falanges, purifica-nos com teus raios divinos; lava-nos de todas as culpas, atrai-nos para junto do teu seio,
santuário bendito de todos os amores.

Se o mundo com os seus erros, paixões e ódios, alastra o caminho de espinhos, escurecendo o nosso horizonte com as trevas do pecado,
rebrilha mais com a tua misericórdia, para que, seguros e apoiados no teu Evangelho, possamos trilhar e vencer as escabrosidades do carreiro e
chegar às moradas do teu reino. Amiga Estrela, farol dos pecadores e dos justos, abre o teu seio divino e recebe a nossa súplica pela Humanidade inteira. 

Assim seja.

14/02/2025

Seres Orgânicos e Inorgânicos


Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem­ se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados às necessidades que a conservação  própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas. Seres inorgânicos são todos os que carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.

60. É a mesma a força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e nos inorgânicos?

“Sim, a lei de atração é a mesma para todos.”

61. Há diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a dos inorgânicos?

“A matéria é sempre a mesma, porém nos corpos orgânicos está animalizada.”

62. Qual a causa da animalização da matéria?

“Sua união com o princípio vital.”

63. O princípio vital reside nalgum agente particular, ou é simplesmente uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é efeito, ou causa?

“Uma e outra coisa. A vida é um efeito devido à ação de um agente sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é a vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e
assimilam.”

64. Vimos que o espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital será um terceiro?

“É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do Universo, mas que também tem sua origem na matéria universal modificada. É, para vós, um elemento, como o oxigênio e o hidrogênio, que, entretanto, não são elementos primitivos, pois que tudo isso deriva de um só princípio.”  

a) — Parece resultar daí que a vitalidade não  tem seu princípio num agente primitivo  distinto e sim numa propriedade especial da matéria universal, devida a certas modificações.

“Isto é conseqüência do que dissemos.”

65. O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos?

“Ele tem por fonte o fluido universal. É o que chamais fluido magnético, ou fluido elétrico animalizado. É o intermediário, o elo existente entre o Espírito e a matéria.”

66. O princípio vital é um só para todos os seres orgânicos?

“Sim, modificado segundo as espécies. É ele que lhes dá movimento e atividade e os distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é a vida. Esse movimento ela o recebe, não o dá.”

67. A vitalidade é atributo permanente do agente vital, ou se desenvolve tão­-só pelo funcionamento dos órgãos?

“Ela não se desenvolve senão com o corpo. Não dissemos que esse agente sem a matéria não é a vida? A união dos dois é necessária para produzir a vida.”

a) —Poder­se-­á dizer que a vitalidade se acha em estado latente, quando o agente vital não está unido ao corpo?

“Sim, é isso.”

O conjunto dos órgãos constitui uma espécie de mecanismo que recebe impulsão da atividade íntima ou princípio vital que entre eles existe. O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos. Ao mesmo tempo em que o agente vital dá impulsão aos órgãos, a ação destes  entretém e desenvolve a atividade daquele agente, quase como sucede com o atrito,
que desenvolve o calor.

Extraído de O livro dos Espíritos - Cap IV - Do Princípio Vital - Seres Orgânicos e Inorgânicos

Conceito de Mediunidade


Capítulo I

Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos. Não é um poder oculto que se possa desenvolver através de práticas rituais ou pelo poder misterioso de um iniciado ou de um guru. A Mediunidade pertence ao campo da comunicação. Desenvolve-se naturalmente
nas pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos afeta com as suas vibrações psíquicas e afetivas. Da mesma forma que a inteligência e as demais faculdades humanas, a Mediunidade se desenvolve no processo de relação. Geralmente
o seu desenvolvimento é cíclico, ou seja, processa-se por etapas sucessivas, em forma de espiral. As crianças a possuem, por assim dizer, à flor da pele, mas resguardada pela influência
benéfica e controladora dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjos da guarda.

Nessa fase infantil as manifestações
mediúnicas são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebem as intuições
orientadoras dos seus protetores, às vezes vêem e denunciam a presença de espíritos e não raro transmitem avisos e recados dos espíritos aos familiares, de maneira positiva e direta ou de maneira simbólica e indireta. Quando passam dos sete ou oito anos integram-se melhor no condiciona-mento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às relações humanas. O espírito se ajusta no seu escafandro para enfrentar os problemas do mundo. Fecha-se o
primeiro ciclo mediúnico para, a seguir, abrir-se o segundo. Considera-se então que a criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da imaginação e da fabulação infantis.

É geralmente na adolescência, a partir dos doze ou treze anos, que se inicia o segundo ciclo. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre carregadas de reminiscências estranhas do passado carnal ou espiritual. Na adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas. É tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre o
problema mediúnico. Não se deve tentar o seu desenvolvimento em sessões, a não ser que se trate de um caso obsessivo. Mas mesmo nesse caso é necessário cuidado para orientar o adolescente sem excitar a sua imaginação, acostumando-o ao processo natural regido pelas leis do crescimento. O passe, a prece, as reuniões para estudo doutrinário são os meios de auxiliar o processo sem forçá-lo, dando-lhe a orientação necessária. Certos adolescentes integram-se rápida e naturalmente na nova situação e se preparam a sério para a atividade mediúnica. Outros rejeitam a mediunidade e procuram voltar-se apenas para os sonhos
juvenis. É a hora das atividades lúdicas, dos jogos e esportes, do estudo e aquisição de conhecimentos gerais, da integração mais
completa na realidade terrena. Não se deve forçá-los, mas apenas estimulá-los no tocante aos ensinos espíritas. Sua mente se abre
para o contato mais profundo e constante com a vida do mundo. Mas ele já traz na consciência as diretrizes próprias da sua vida, que se manifestarão mais ou menos nítidas em suas tendências e em seus anseios. Forçá-lo a seguir um rumo que repele é cometer uma violência de graves conseqüências futuras. Os exemplos dos familiares influem mais em suas opções do que os ensinos e as exortações orais. Ele toma conta de si mesmo e firma a sua personalidade. É preciso respeitá-lo e ajudá-lo com amor e
compreensão. No caso de manifestações espontâneas da mediunidade é conveniente reduzi-las ao círculo privado da família ou
de um grupo de amigos nas instituições juvenis, até que sua mediunidade se defina, impondo-se por si mesma.

O terceiro ciclo ocorre geralmente na passagem da adolescência para a juventude, entre os dezoito e vinte e cinco anos. É o tempo, nessa fase, dos estudos sérios do Espiritismo e da
Mediunidade, bem como da prática mediúnica livre, nos centros e grupos espíritas. Se a mediunidade não se definiu devidamente, não se deve ter preocupações. Há processos que demoram até a proximidade dos 30 anos, da maturidade corporal, para a verdadeira eclosão da mediunidade. Basta mantê-lo em ligação com as atividades espíritas, sem forçá-lo. Se ele não revela nenhuma tendência mediúnica, o melhor é dar-lhe apenas acesso a atividades sociais ou assistenciais. As sessões de educação mediúnica (impropriamente chamadas de desenvolvimento) destinam-se apenas a médiuns já caracterizados por manifestações espontâneas, portanto já desenvolvidos.

Extraído do livro Mediunidade: Conceituação da Mediunidade e Análise geral dos seus problemas atuais - J Herculano Pires - Capítulo I