terça-feira, 8 de julho de 2025

O império do astral inferior - As forças negras em ação

Uma estátua de Exu, em forma diabólica

Escrito por W. W. da Matta e Silva (Yapacani)

É realmente impressionante, fantástico até, constatar como o astral inferior conseguiu penetrar, “tomar pé, fazer morada”, na
maioria desses ambientes que adotam concepções esquisitas e praticam certos ritos bárbaros, fetichistas e de uma incrível revivência atávica...

E não é só nesses que “tomaram pé, fizeram seu “habitat”. 

É de estarrecer, também, quando se vê o que se passa em matéria de “práticas esotéricas” ou “mágicas” nesses grupamentos que se qualificam de iniciáticos, gnósticos, de ocultistas e “orientalistas”.

Se, por dentro do chamado meio umbandista se tem vontade de rir. pelas coisas que ocorrem em grande parte dos terreiros, levando-se em conta que são fruto mais da ingenuidade dos simples, nesses outros ambientes dá vontade de gargalhar.

Como é que se pode ver criaturas que se intitulam “mestres” e usam nomes iniciáticos pomposos (quase sempre nomes orientais) invocar gnomos, ondinas, salamandras e outros “bichinhos” da mãe natura... gemendo, cada gemido que não tem fim, ao mesmo tempo que “engrulham” certos termos esquizóides à guisa de mantra, de velas acesas nas mãos, e conter uma explosiva gargalhada.

Como se pode participar de um círculo de pessoas, sentadas à oriental, falando e falando sempre com “supostos magos orientais manifestados”, em atitude de grão-senhores, enfatuados, vendo-se, sabendo-se que ali estão a venerar “um belo quiumba”, zombando desses irmãos que, de balandrau, posudos, escutam, respeitosamente, “coisas da alta esfera esotérica”, sem que se possa conter uma bruta gargalhada?

Pois bem, irmão leitor, tudo isso é produto exclusivo do envolvimento do astral inferior, e nada mais...

É incrível como criaturas que desconhecem completamente os perigos, as ciladas e as “amarrações envolventes” desse baixo astral (porque, tarimba, experiência de fato não se adquire apenas nos livros), possam invorar-se, de uma hora para outra, em “mestres, iniciados, sacerdotes”, disso ou daquilo ainda por cima fanatizando seguidores ou adeptos.

Sabemos e podemos dizer aqui, alto e bom som, que nunca se praticou tanta magia-negra, tanta magia inferior, tanta confusão mágica e tanta bruxaria, para fins escusos, de baixas intenções sexuais, como ultimamente, no interior dessas “covas” espalhadas por todos os lados, rotuladas de “umbanda, candomblé etc.”.

Nunca proliferaram tanto esses sistemas fetichistas e “bruxistas” no Brasil, como agora...

Nunca se viu tanto “catimbozeiro” importado como agora, por todo o Estado do Rio de Janeiro. Da Bahia, Pernambuco e outros Estados foram chegando exóticos pais-de-santo, de olhares lânguidos e gestos medidos, quase todos “feitinhos no kêto” e “filhinhos de inhaçã” e logo deram de abrir seus “terreirinhos”, tudo bem reboladinho, prontos para fazer qualquer coisa, qualquer negócio. Todos apregoam topar qualquer parada Jamais se viu, como agora, tanta criatura-homem com “diploma de pai-de-santo” e tanta criatura-mulher com o “pergaminho de babá-de-terreiro”... As “escolas” estão por aí, funcionando. ..

Será possível que, de uns tempos para cá, “toda gente” viromédium, “babalaô”, sacerdote de umbanda e mais isso e mais aquilo? Todo mundo “trabalha”, todo mundo é “tata no santo”? Tem terreiro, abre terreiro, faz terreiro, tem filho-de-santo, faz camarinha, deita “canoa”, faz ebó, come ebó e são capazes, até, de beber o sangue de bode preto... do jeito que anda e que vai...

Essas coisinhas todas põem água na boca do leigo, pois ele está vendo que todo mundo pula com o santo, dança de “caboclo” que é uma beleza, “rebola de preto-velho” que é um encanto. E com exu? — nem é bom falar! E como dá mulher bonita, de “santo”, em certos “cantões” que têm até copa e cozinha: — quando pára no santo, é só reconfortar a matéria... cansada... Diante de tanto “dom, de tanta proteção, de tanto caboclo”, enfim de tanto “mediunismo” por que será que deixaram o “catimbó” entrar soltinho por toda a parte, com suas “maria-padilha”, seus “boiadeiros”, seus “zé-pelintra”, e outros mestres e mestraços? Isso é Umbanda? Qual!

Jamais tivemos a pretensão de querer convencer a todos — coisa que nem Jesus conseguiu — mas, que já temos convencido
a muita gente, disso temos certeza e é dentro desse objetivo ou dessa linha de 'esclarecimento que continuaremos de pena na mão...

Assim é que temos uma grande piedade para com “a santa ingenuidade” dessa pobre massa humana que peregrina por esses tais terreiros.

Porque só a um observador vivíssimo é dado aquilatar o quanto essa gente é manipulada por essa chusma de espertalhões, vampiros do santo...

Porém — que essa verdade também seja dita — há muita criatura por aí que quer “comprar” um “orixá” de qualquer jeito. Faz cabeça, faz camarinha, com um e com outro e o que mais
deixa o observador estupefato é o seguinte: — a criatura costuma pagar a um pai-de-santo 30, 40, 50 e até 150 a 300 mil cruzeiros “para fazer sua cabeça, ganhar seu orixá”, submetendo-se
a todas as obrigações ou exigências relativas...

Mas acontece sempre que, quando sai da camarinha, crente de que já “agarrou seu orixá”, dá umas voltinhas por fora a fim de “exibir sua força”, mostrar que já é um “cabeça feita”... e lá vem a danada da dúvida, porque ele não sentiu “o seu santo como esperava sentir”... Daí, começa a bolar, bolar, até ficar desacreditando “no tal orixá que seu pai-de-santo enfiou na sua rica cabecinha”...

E como não sentiu mesmo o tal “orixá” nem pela boca, nem pelos ouvidos, vai a outro “babá” e se queixa; esse (como quase todos), matreiro — porque já sabe como é o “negócio”, diz que “o santo foi feito trocado”...

Convence mais uma vez essa criatura, que quer o seu “orixá” de qualquer jeito, de que tem de fazer tudo novamente, porque dessa vez, garante, vai ganhar o seu santo mesmo...

A tal criatura paga e faz tudo novamente, e no final acotece a mesma coisa...

Conhecemos várias pessoas, até com certo grau de instrução que já “fizeram cabeça”, de três a quatro vezes, e ainda não se conformaram, visto continuarem à procura de um pai-de-santo
verdadeiro.

Isso é um círculo vicioso, tem uma espécie de “visgo psíquico”, anímico, fanatiza, cega a pessoa e não tem jeito mesmo. E é dessa turma de bobocas que os pretensos “babás” vivem à tripa forra...

Esses pretensos pais-de-santo têm uma lábia tão fina que chegam até a sugestionar, convencer, pessoas categorizadas, de instrução superior, de que podem “plantar “obaluaê” na cabeça deles”...

Esse “negocinho de plantar “obaluaê” (omolu — o orixá da peste, da varíola, o temido “xapanan” dos africanos) é tão rendoso, mas também tão confuso, tão complicado que teríamos de escrever um livro para explicar direitinho...

Basta repetirmos o seguinte: “Obaluaê” é considerado nos candomblés com alto respeito, porque é o orixá dono das epidemias, senhor da morte. Por isso, dizem, é muito forte. A sua “proteção” é inestimável. Com ele, abaixo de “Zamby”, ninguém pode... Ora quem é que não quer ter semelhante “proteção”?

E os ingênuos, criaturas de espírito fraco, pagam grosso por isso. Eta industriazinha rendosa! Então, cremos ter deixado bastante claro, com essas simples citações, como imperam a superstição, os ritos confusos, as oferendas grosseiras com bicho de pêlo de 4 pés e bicho de pena de 2 pés, com sangue e tudo, por esses quatro cantos do Brasil...

E, conseqüentemente, como tudo isso “cria” um campo ideal de atração (o semelhante atrai o semelhante — essa é a lei) para o astral inferior; ele chegou, viu e gostou, bateu palmas e ficou... até hoje, fazendo disso seu próprio “habitat”.

Qual a pessoa que, já tendo um palmo de entendimento, pode aceitar ou conceber que “orixá” bebe sangue de bicho? Nem o mais simples dos protetores de qualquer médium de
qualquer corrente, mormente da de Umbanda, aceitaria o sangue até de um mosquito, quanto mais de bicho, em sua intenção ou em sua louvação...

Eis por que as forças negras do mal têm trânsito livre em certos Estados do Brasil, especialmente no Estado do Rio de Janeiro, em S. Paulo, na Bahia, em Pernambuco, no Rio G. do Sul etc.

E uma das provas de que o império do fetichismo pegou mesmo está na grande variedade de estátuas, introduzidas nesses últimos anos no comércio do gênero, fruto das inovações ou das concepções comuns aos “catimbós”.

Pode-se observar nas casas que vendem “santos” e fetiches e outras mil bugigangas, disfarçadas de ervanário ou de casa de artigos religiosos de Umbanda, desde as mais inverossímeis estátuas de exu, até as de sereia, pretos-velhos e caboclos, que videntes fantásticos batizaram com os nomes de pai fulano, caboclo sicrano, exu esse, exu aquele, tudo de parelha com as já famosas e ridículas estátuas de boiadeiro, zé-pelintra maria essa, maria aquela...

O grau de instrução, ou de ignorância, de um meio pode-se medir, exatamente, pela aceitação dessas estátuas... 

Felizmente, Terreiro de Umbanda, mesmo, não aceita essas coisas e, por obra e graça do Espírito Santo ainda existem muitos.

Se o fetichismo, atualmente, está voltado ao apogeu de priscas eras é porque a ingenuidade da massa está sendo trabalhada diariamente, através de certos programas de rádio, revistas, jornaizinhos, e especialmente pela facilidade com que estão propagando obras cuja literatura “canta” incessantemente os maiores louvores ao misticismo e à mitologia africana.

A par disso, os vândalos do santo se multiplicam, abrindo terreiro, fazendo iniciação, pelas linhas mestras dessa citada literatura ...

Eles estão por toda a parte, e os piores propagadores disso, dessas práticas fetichistas, próprias mesmo de nações africanas com 10.000 anos de atraso cármico, são os tais que se rotulam de “jornalistas, radialistas, professores-escritores, sumo sacerdotes, supremo reitor..tudo de Umbanda...

Eles sabem o que querem desse povo, pois vivem repisando diariamente, os mesmos conceitos do misticismo africano e transformando suas lendas infantis até em “tradição oculta”.

Até às superstições mais pueris entre os povos da África, por aqui, já deram o cunho de mistério da “magia africana vermelha”. .. Sim! Porque até isso já inventaram., a fim de sugestionar a massa dos crentes para suas “cavernas”...

Os técnicos nisso são os mesmos politiqueiros fracassados que conseguiram “colunas doutrinárias” em certos jornais e em certos programas de rádio.

Mais uma vez — e sempre que tivermos oportunidade — alertamos aos verdadeiros crentes de Umbanda, para que se previnam.

Entrem em guarda contra essa “turminha” e contra esses “terreiros” com cheiro de “catimbó sujo”, já conhecidos por esses quatro cantos do Estado do Rio de Janeiro, notadamente Rio de
Janeiro, Caxias, Nilópolis, Belfort Roxo, S. João de Meriti, que vivem de fazer o santo ou de passar o conto-do-“orixá”, arrogando-
se poderes de manipular o dom da mediunidade. por oferendas, camarinhas, “obis” e “orobôs”...

Nesses antros de ignorância e sujeira astral, cnde os vis apetites de pessoas viciosas são acolhidos e alimentados através das baixas práticas de magia-negra, estão enquistados os mais rebeldes e endurecidos focos da quiumbanda, ou seja, de tudo quanto se pode classificar como marginais do baixo-astral...

São esses grupamentos humanos e astrais que dão o maio* trabalho à Corrente de Umbanda, aos seus guias e protetores — caboclos e pretos-velhos incansáveis, que são obrigados a se desdobrar dia e noite, numa incessante ação de fiscalização.

De uns tempos para cá, cresceu assustadoramente o número de “babás-mulheres” que passaram quase que a dominar o meio, tal a facilidade que têm de impressionar, apoiadas no tipo de astúcia já por nós denunciado.

Terreiro que a “babá” é mulher nova, cresce do dia para a noite, todo mundo ajuda. Mas, também, como são vivas, para tratar de certos casinhos; como sabem alimentar os mexericos, os disse-me-disse, as rivalidades sutis entre o elemento feminino etc.

E depois, acontece que quase todas são excessivamente vaidosas, puxam pela roupagem do santo, pelos colares vistosos, pelos bordados (aqui temos que fazer uma grande ressalva: — estamos nos referindo a esse tipo de “babá-muiher”, espécie de aventureira do santo) muito comum hoje em dia, pela facilidade com que adquirem diploma de yalorixá em qualquer “pai-de- santo ou mãe”, em qualquer “federação” etc. Jamais poderíamos incluir nisso essas abnegadas irmãs de fé, devotadas médiuns da Umbanda de verdade e por quem temos especial respeito, como elementos indispensáveis num Centro ou Terreiro. Essas, jamais desceriam de suas condições morais-espirituais, para chafurdarem
nesse “santo rebolado” que as aventureiras utilizam como “bandeira e abre-caminho” para o arreglo e “otras cositas más”) etc.

O mais triste e doloroso, em tudo isso, é ver com que velocidade caminham — “as babás do rebolado — para os braços desse já tão mencionado astral inferior, especializado em atraí-las com toda a sorte de velhacarias, usando de artimanhas quase que infalíveis, por meio de determinados estímulos e projeções fluídicas em seus “pontos mais fracos”.

É bem possível que muitos, ao lerem isso, deduzam apressadamente que possamos ter algum despeito, algum complexo contra o elemento feminino. Pelo contrário (as nossas amizades mais firmes sempre foram do lado feminino), assim procedemos justamente impulsionado pelo nosso comando vibratório, dentro da linha de apoio e defesa que a mulher merece, por ser, realmente, a parte mais fraca, dentro desse intrincado “métier” espirítico-mágico.

É bem sabido que a mulher é mais mística do que o homem, usa muito a imaginação, por isso é mais propensa a um estado anímico que o homem. Enfim, é muito mais sensível. Mesmo levando-se em conta que são mais astuciosas e têm mais penetração e envolvimento, porque esses atributos são suas “armas naturais”, e com esses elementos, quando querem, reviram tudo, o fato é que isso são “armas” que lhes dão sempre a vitória nas lides pessoais, emocionais, sentimentais, enfim nas coisas em que empenham o coração...

Todavia, nada valem em relação com o astral inferior. Ele sabe que, entre o coração e a cabeça, a mulher cai mais pelos impulsos do coração... que é fraco, não pensa friamente...

Para concluir, levantamos, neste final, um grito de alerta aos pais, esposos, noivos, irmãos, de mulher e de donzela médium de centro: — cuidado com elas, irmãos; zelem por elas, não as deixando cair desprotegidas nas mãos desses pretensos pais-de- santo ou dessas “babás do santo rebolado”...

Olho vivo — irmãos! É melhor prevenir que remediar.

(Extraído do livro: Umbanda e o poder da mediunidade, por W. W. da Matta e Silva (Yapacani) 2. ed. revista e aumentada. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1978.)

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