"Quando você reza, está falando com Deus; quando você medita, está escutando a voz de Deus." Diana Robinson
31/01/2025
Jeová, Deus Agrário
Quando estudamos religião comparada, ou história das religiões, o exame do “horizonte agrícola” nos revela a natureza agrária do deus bíblico Iavé ou Jeová. As diferenças fundamentais existentes entre o Deus bíblico dos hebreus e o Deus evangélico dos cristãos decorre da diferença de horizontes. Jeová é um deus mitológico, em fase de transição para o horizonte espiritual. Nasceu, como todos os
deuses agrários, por um processo sincrético. Nele se fundem a experiência concreta da sobrevivência humana, obtida através dos fatos mediúnicos, e a exigência de racionalização do mundo, manifestada nas elaborações mitológicas. Ao mesmo tempo, concepções várias, e até mesmo contraditórias, originadas ao longo da vida tribal e da vida agrícola, também se misturam nessa figura bíblica. Daí as suas contradições, que dão margem a tantas críticas, oriundas da incompreensão do
fenômeno e da ignorância do processo histórico. Encontramos em Jeová, num
verdadeiro conflito, as características de deustribal e deus universal, de deus familiar e deuspopular, de deuslar e deus mitológico. Como deustribal, Jeová é o guia e o protetor das tribos de Israel, e como deusuniversal, pretende estender suas leis a todos os povos. Como deusfamiliar, é o clássico “Deus de Abrão, Isaac e
Jacó”, protetor de uma linhagem de pastores, e como deuspopular, é o protetor de todos os descendentes de Abrão. Como deuslar, é o Espírito que falava a Terá e a Abrão em Ur, à revelia dos deuses nacionais dos caldeus, e como deus mitológico, é aquele que declara na Bíblia “Eu sou o que sou”, tendo a terra por escabelo de seus pés e o céu por morada infinita de sua grandeza sobrehumana. O mesmo sincretismo que já estudamos no caso dos deuses egípcios aparece no deus hebraico.
Se a deusa Hator, por exemplo, tinha orelhas de vaca, Jeová ordena matanças, misturando em sua natureza características humanas e divinas. Protege especialmente um povo, uma raça, com ferocidade tribal, e se não exige mais os
antigos sacrifícios humanos, entretanto exige os sacrifícios animais e vegetais. Suas monumentais narinas, embora invisíveis, dilatamse gulosas, como as de Moloc, aspirando o fumo dos sacrifícios. No Templo de Jerusalém, à maneira do que acontecia com os templos gregos, havia locais especiais para os sacrifícios
sangrentos e os incruentos. Assim como Pitágoras, vegetariano, podia oferecer ao deus Apoio, na ara especial do templo, sacrifícios vegetais, assim também os hebreus podiam escolher a espécie de homenagens que deviam prestar a Jeová.
A história dos sacrifícios ainda está por ser escrita, embora muito já se tenha escrito a respeito. No dia em que a tivermos, na extensão e na profundidade necessárias, veremos uma nova confirmação histórica do desenvolvimento da lei de adoração. Dos sacrifícios humanos passamos aos de animais, destes aos vegetais, e destes aos cilícios, às penitências e aos simples ritos devocionais. Correrá muita água por baixo das pontes, antes que Paulo, apóstolo, possa proclamar, apoiado no ensino espiritual de Jesus, que existe um culto racional, consistente em oferecermos a Deus nosso próprio corpo, como “Hóstia imaculada”. No entanto, Jeová já proclamara: “Misericórdia quero, e não sacrifício”, demonstrando a sua evolução irrevogável para o “horizonte espiritual”, que raiaria mais tarde.
Muitos estudiosos estranham a afirmação espírita de que o Deus bíblico é o mesmo Deus de Jesus. Fazendo uma distinção, que nos parece natural e necessária, entre a Bíblia, como Velho Testamento, e os Evangelhos, corno Novo Testamento, diremos que o Deus bíblico é o mesmo Deus evangélico. As diferenças entre ambos se explicam através da lei de evolução. Se os homens do horizonte agrícola não podiam conceber o Deus único senão por uma forma sincrética, uma mistura de Deus e de Homem, os do horizonte espiritual irão concebêlo de maneira mais pura. Não se trata, porém, de dois Deuses, e sim de um mesmo Deus, visto de duas maneiras. Por trás de todas as formas de Deus, encontrase uma realidade única, que é o próprio Deus. Isso o que permitia a Jesus dizerse filho de Jeová e ao mesmo tempo apontar o seu Pai como pai universal, em espírito e verdade. Da mesma maneira, os princípios fundamentais da Bíblia não são negados, mas confirmados pelos Evangelhos. A Lei não é destruída, mas confirmada. Mais de uma vez nos servirá de esclarecimento a afirmação de Paulo: “A lei era o pedagogo, para nos conduzir a Cristo”. A Torá judaica não valia pelas suas normas exteriores e transitórias, circunstanciais, mas pela sua substância. Essa substância é que prevalece, sendo confirmada por Jesus, nos dois mandamentos principais: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. O processo histórico não é contraditório, mas progressivo. Quando não sabemos enxergar as linhas da evolução, em seu desenvolvimento natural, enxergamos apenas as aparentes contradições das coisas. Assim como a ideia de Deus evolui com os homens, desde a litolatria até as formas mitológicas, e destas à concepção espiritual que hoje aceitamos, assim também os princípios e os postulados bíblicos vão atingir sua verdadeira expressão nos Evangelhos, e por fim sua espiritualização no Espiritismo.
Há um encadeamento perfeito no processo histórico, que não podemos perder de vista. Graças a esse encadeamento os Espíritos puderam dizer a Kardec que o Espiritismo é o restabelecimento do Cristianismo, o que vale dizer: a última fase do desenvolvimento histórico do Cristianismo. Quando sabemos que este originou se no solo do Judaísmo, representando um desenvolvimento natural da religião judaica, então compreendemos que o Espiritismo, como queria Kardec e como sustentava Léon Denis, é o ponto mais alto que podemos atingir, até hoje, em nossa evolução religiosa. Jeová, o deusagrário, transformase no Pai evangélico, para chegar à “Inteligência Suprema”, no Espiritismo. Jeová se depura, e com ele se depuram os ritos do seu culto, que por fim se transformam na “adoração em espírito e verdade”, de que falava Jesus.
O horizonte agrícola permanece subjacente em nossa mentalidade moderna. Ainda não conseguimos libertarnos de suas fórmulas agrárias, de seus deuses e seus cultos, carregados de sacrifícios animais e vegetais. O “horizonte civilizado” desenvolvese sob os signos agrícolas. Mas virá, por fim, o momento de transição para o “horizonte espiritual”, que assinalará uma fase de transcendência na vida
humana.
Extraído do livro O Espírito E O Tempo - Capítulo II - Horizonte Agrícola: Animismo e Culto dos Ancestrais
Não desistas
Emmanuel
Escolheste a senda do bem?
Não te detenhas.
Não contes as pedras da estrada.
Soma as bênçãos que já recebeste.
Nunca desistas.
XAVIER. Francisco Cândido. Recados do Além. Pelo Espírito Emmanuel. IDEAL. 1978.
30/01/2025
Prece Aos Anjos da Guarda e Espíritos protetores
Espíritos bem amados, Anjos da Guarda, vós a quem Deus, em sua infinita misericórdia, permite velar pelos homens, sede nossos protetores nas provações da vida terrena.
Dai-nos a força, a coragem e a resignação, inspirai-nos tudo o que é bom, reprimi a nossa inclinação para o mal; que a vossa suave influência penetre em nossas almas; fazei que reconheçamos que um amigo devotado está junto de nós, vendo os nossos sofrimentos e participando das vossas alegrias. Não nos abandoneis; necessitamos da vossa proteção
para suportarmos com fé e amor as provas que aprouver a Deus enviar-nos.
Preces Espíritas
Progressão dos Mundos
• Santo Agostinho • Paris, 1862
19. O progresso é uma das leis da natureza. Todos os seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ela, pela
bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que parece, para os homens, o fim das coisas, é apenas um meio de levá-las, pela transformação, a um estado mais perfeito, pois tudo morre para renascer, e nada volta para o nada.
Ao mesmo tempo que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente. Quem pudesse seguir um mundo em suas diversas fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição, o veria percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas em graus insensíveis para cada geração, e
oferecer aos seus habitantes uma morada mais agradável, à medida que eles também avançam na senda do progresso. Assim marcham paralelamente o progresso do homem, o dos animais seus auxiliares, o dos vegetais e o das formas de habitação, porque nada fica estacionário na natureza.
Quanto esta idéia é grandiosa e digna da majestade do Criador! E como, ao contrário, é pequena e indigna do seu poder aquela que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia da Terra, e restringe a humanidade a algumas criaturas que o habitam!
A Terra, seguindo essa lei, esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspectos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a mundo regenerador. Então os homens encontrarão nela a felicidade, porque a lei de Deus a governará.
Extraído de O Evangelho Segundo O Espiritismo - Cap III - Há Muitas Moradas na Casa do Meu Pai - Progressão dos Mundos - LAKE
Gengis Khan
Este terrível conquistador ateou fogo na Ásia Central e na Ásia Menor. Onde as patas dos
seus cavalos deixassem rastros, a máxima era essa: que ali nada mais nascesse. Quando
conquistava uma aldeia ou cidade, rapinava tudo, fazia prisioneiros e estuprava as
meninas-moças. Quando derrotado em algumas poucas batalhas, incendiava tudo por
onde passasse: essa era a ordem do grande guerreiro.
Gengis Khan, um dos chefes da cidade A Cruzada, no astral inferior, na Idade Média foi
um cidadão livre na Terra. Essa liberdade custou bastante caro aos seus semelhantes, que
não o eram somente na forma física, porém se agregavam a ele pelos sentimentos - a lei
dos afins nos une com os nossos velhos companheiros de jornadas infinitas.
Como já dissemos alhures. Deus educa as almas por intermédio das próprias almas. Os dois bilhões de Espíritos da cidade negra baixaram à Terra em uma grande oportunidade de recomeço na pauta da disciplina, e, o mundo espiritual não iria, certamente, sacrificar santos, para que servissem de pais a tais monstros, nem tampouco companheiros, mas,
sim, Espíritos da mesma estirpe. Reuniam-se seres da mesma índole psicológica e psicofísica, monstros para devorarem monstros, cães para devorarem cães, lobos para caírem nas armadilhas dos mesmos lobos. Todas essas atrocidades, cuja herança se faz mostrar até hoje, parecem-nos incompatíveis com a bondade do Criador. Ser-nos-á pesado para a consciência, se a razão der o seu resultado desfavorável à consciência divina; é por isso que muitos procuram não entrar no mérito da questão, nem julgar os homens por suas ações. Coitados! Foram eles criados simples e ignorantes; sua simplicidade é muito nobre e se reveste de muita beleza quando se encontra com a sabedoria, mas antes disso, ela favorece os maiores absurdos da vida, como os que
aconteceram na Idade do Meio. Devemos estudar esses processos usados pelo progresso,
com serenidade e com mais amor às criaturas, fazendo a nossa parte com caridade, se já
pudermos fazê-la, para ajudar a educá-los. São crianças junto aos velhos que gritam por apoio, por liberdade e por amor. E, no fundo de tudo, eles estão se instruindo cada vez mais; os seus feitos são cópias da própria natureza, em todo o reino da Terra.
Gengis Khan foi guerreiro forte, mestre em comando por largas experiências e na hora da
luta, o seu objetivo era lutar somente, na máxima expressão. Quando em acampamento, era generoso para com seus comandados. Fazia-se um deles, e, em muitos casos, se entregava até a simples serviços, para que seus guerreiros se divertissem e descansassem. Esse gesto os cativava até a morte: era a gratidão nos caminhos do fanatismo. Qualquer de seus soldados que caísse prisioneiro ou ficasse ferido, tinha certeza de que em altas madrugadas viria socorro. Ele somente descansava em acampamento, quando nada mais havia para fazer, principalmente em benefício dos seus comandados. Com esses gestos de humanidade, sabia que ganhava a unidade dos seus homens. Em qualquer eventualidade bastava um grito, uma ordem de comando, para que todos se entregassem a qualquer combate, com fúria jamais presenciada em outro esquadrão. Era, se pudéssemos dizer, o fanatismo em quarta dimensão... Os místicos não usam, por onde transitam, maneiras idênticas? Só que a atenção que dispensam, a caridade que fazem e a gratidão que têm, universalizam-nos: não tem partidos, não escolhem a quem beneficiar, amam a todos dando tudo o que possuem. Vivem na fraternidade em busca do Amor, sem escândalos, sem guerras, sem ódios, sem ciúmes e sem conhecimento da inveja. São homens livres, por trabalharem constantemente pela liberdade dos outros.
Grandes extensões de terras foram pisadas e massacrados os seus habitantes. Foram
trucidadas criaturas de todas as idades e o fogo era o sinal mais vivo de que por ali
passou Gengis Khan...
(Extraído do livro Francisco de Assis - João Nunes Maia - espírito de Miramez)
Propriedades da Matéria
29. Aponderabilidade é um atributo essencial da matéria?
“Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria
pesada.”
A gravidade é uma propriedade relativa. Fora das esferas de atração dos mundos, não há peso, do mesmo modo que não há alto nem baixo.
30. Amatéria é formada de um só ou de muitos elementos?
“De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.”
31. Donde se originam as diversas propriedades da matéria?
“São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias.”
32. De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva?
“Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a
percebêlas.”
A demonstração deste princípio se encontra no fato de que nem todos percebemos
as qualidades dos corpos do mesmo modo: enquanto que uma coisa agrada ao gosto de um, para o de outro é detestável; o que uns vêem azul, outros vêem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é inofensivo ou salutar.
33. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?
“Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!”
O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores conseqüências, têlos como tais, até nova ordem.
Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os magnetizadores e que consiste em darse, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas: um gosto determinado e até as qualidades ativas de outras substâncias. Desde que não há mais de um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos são apenas modificações desse elemento, o que se segue é que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais deletéria. Assim, a água, que se compõe de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio, se torna corrosiva, duplicandose a proporção do oxigênio. Transformação análoga se pode produzir por meio da ação magnética dirigida pela vontade.
a) —Não parece que esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que variam conforme à intensidade da força e à direção do movimento?
“É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme à disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco, que pode tornarse transparente e viceversa.”
34. As moléculas têm forma determinada?
“Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciála.”
a) —Essa forma é constante ou variável?
“Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar.”
Extraído de O livro dos Espíritos - Cap II - Propriedades da Matéria
29/01/2025
Um Médium Curador
Revista Espírita de 1860 - Março de 1860
Pedimos aos nossos leitores que se reportem ao artigo do mês passado sobre os médiuns especiais; melhor compreenderão os ensinamentos que vamos dar sobre a Srta. Désirée Godu, cuja faculdade oferece um caráter da mais notável especialidade. Há cerca de oito anos, ela passou sucessivamente por todas as fases da mediunidade; a princípio, médium de efeitos físicos muito poderosa, tornou-se, sucessivamente, médium vidente, audiente, falante, escrevente e, finalmente, todas as suas faculdades se concentraram na cura de doentes, que parece ser a sua missão,
missão que desempenha com um devotamento e uma abnegação sem limites. Deixemos falar a testemunha ocular, o Sr. Pierre, professor em Lorient, que nos transmite esses detalhes em resposta às perguntas que lhe dirigimos:
“A Srta. Désirée Godu, jovem de vinte e cinco anos, pertence a uma família muito distinta, respeitável e respeitada de Lorient; seu pai é um antigo militar, cavaleiro da Legião de Honra, e sua mãe, mulher paciente e laboriosa, ajuda a filha o quanto pode em sua penosa, mas sublime missão. Há mais ou menos seis anos que essa família patriarcal dá esmolas de remédios prescritos e, freqüentemente, daquilo que é necessário aos curativos, tanto aos ricos quanto aos pobres que a procuram. Suas relações com os Espíritos começaram no tempo das mesas girantes; então ela residia em Lorient e, durante, meses, não se falava senão das
maravilhas operadas pela Srta. Godu com as mesas, sempre complacentes e dóceis sob suas mãos. Era um privilégio ser admitido às sessões de mesa em sua casa e lá não entrava quem quisesse. Simples e modesta, não buscava pôr-se em evidência. Entretanto, como bem podeis imaginar, a maledicência não a poupou.
“O próprio Cristo foi injuriado, embora só fizesse e ensinasse o bem. É de admirar que ainda se encontrem fariseus, quando ainda há homens que em nada crêem? É a sina de todos
quantos mostram uma superioridade qualquer serem alvo dos ataques da mediocridade invejosa e ciumenta. Nada lhes custa para
derrubar aquele que ergue a cabeça acima do vulgo, nem mesmo o veneno da calúnia; o hipócrita desmascarado jamais perdoa. Mas
Deus é justo e quanto mais maltratado for o homem de bem, tanto mais gloriosa será a sua reabilitação e mais humilhante a vergonha
de seus inimigos: a posteridade o vingará.
“Aguardando sua verdadeira missão que, conforme se diz, deve começar dentro de dois anos, o Espírito que a guia propôs-lhe a de curar todos os tipos de doenças, o que ela aceitou.
Para comunicar-se, ele agora se serve de seus órgãos, muitas vezes à sua revelia, em vez das batidas insípidas das mesas. Quando é o Espírito que fala, o timbre de sua voz já não é o mesmo e os seus lábios não se movem.
“A Srta. Godu recebeu apenas uma instrução comum, mas a parte principal de sua educação não devia ser obra dos homens. Quando consentiu em ser médium curador, o Espírito
procedeu metodicamente para a sua instrução, sem que ela não visse outra coisa além de mãos. Uma misteriosa personagem lhe punha sob os olhos livros, gravuras ou desenhos, e lhe explicava todo o funcionamento dos órgãos do corpo humano, as propriedades das plantas, os efeitos da eletricidade, etc. Ela não é sonâmbula; ninguém a adormece. É completamente desperta que penetra os doentes com o olhar. O Espírito lhe indica os remédios, que ela geralmente prepara e aplica, cuidando e pensando as mais repugnantes feridas com a dedicação de uma irmã de caridade. Começaram por lhe dar a composição de certos ungüentos que curavam em poucos dias os panarícios e as feridas de pequena gravidade, a fim de lentamente habituá-la a ver, sem muita repulsa, todas as horrendas e repugnantes misérias que deviam aparecer aos
seus olhos, pondo a finura e a delicadeza de seus sentidos às mais rudes provas. Não imaginemos nela encontrar um ser sofredor,
doentio e fraco; desfruta do mens sana in corpore sano em toda a sua plenitude; longe de cuidar dos doentes por meio de um auxiliar, em
tudo ela põe a própria mão, dando conta de tudo, graças à sua robusta constituição. Sabe inspirar aos doentes uma confiança sem limites, acha no coração consolações para todas as dores, tendo à mão remédios para todos os males. É de um caráter naturalmente alegre e jovial. Sua alegria é contagiante como a fé que a anima e atua instantaneamente sobre os doentes. Vi muitos se retirarem com os olhos cheios de lágrimas, doces lágrimas de admiração, de reconhecimento e de alegria. Todas as quintas-feiras, dia de feira, e domingos, das seis horas da manhã até cinco ou seis horas da tarde, a casa não se esvazia. Para ela, trabalhar é orar, e disso se desincumbe com consciência. Antes de ter de tratar os doentes
passava dias inteiros confeccionando roupas para os pobres e enxovais para os recém-nascidos, empregando os meios mais engenhosos para que os presentes chegassem ao destino anonimamente, de sorte que a mão esquerda sempre ignorasse o que dava a direita. Possui grande número de certificados autênticos, concedidos por eclesiásticos, autoridades e pessoas notáveis, atestando curas que, em outros tempos, teriam sido consideradas miraculosas.”
Sabemos, por pessoas dignas de fé, que não há o menor exagero no relato que acabamos de transcrever e temos a satisfação de poder assinalar o digno emprego que a Srta. Godu faz da excepcional faculdade de que foi dotada. Esperamos que estes elogios, que temos o prazer de reproduzir no interesse da Humanidade, não alterem sua modéstia, que dobra o valor do bem, e que ela não escute as sugestões do espírito do orgulho. O orgulho
é o escolho de um grande número de médiuns e vimos muitos cujas faculdades transcendentes se aniquilaram ou perverteram, desde que deram ouvidos a este demônio tentador. As melhores intenções não dão garantia contra os embustes e é precisamente contra os bons que dirige as suas baterias, pois se satisfaz em fazê-los sucumbir e mostrar que ele é o mais forte; insinua-se no coração com tanta habilidade que muitas vezes o enche sem que o suspeite. Assim, o orgulho é o último defeito que confessamos a nós mesmos, semelhante a essas moléstias mortais que se tem em estado latente e sobre cuja gravidade o doente se ilude até o último momento. Eis por que é tão difícil erradicá-lo.
A partir do momento que um médium desfrute de uma faculdade, por menos notável que seja, é procurado, elogiado, adulado. Para ele isso é uma terrível pedra de toque, pois acaba se
julgando indispensável, se não for essencialmente simples e modesto. Infeliz dele, sobretudo se julgar que somente ele poderá
entrar em contato com os Espíritos bons. Custa-lhe reconhecer que foi enganado e, muitas vezes, escreve ou ouve sua própria condenação, sua própria censura, sem acreditar que a ele seja dirigida. Ora, é precisamente essa cegueira que o aprisiona. Os Espíritos enganadores se aproveitam para o fascinar, o dominar, o subjugar cada vez mais, a ponto de lhe fazerem tomar por verdades as coisas mais falsas; é assim que nele se perde o dom precioso, que
não havia recebido de Deus senão para se tornar útil aos semelhantes, já que os Espíritos bons sempre se afastam daqueles que preferem escutar os maus. Aquele a quem a Providência
destina a ser posto em evidência o será pela força das coisas, e os Espíritos bem saberão tirá-lo da obscuridade, se isso for útil, ao passo que, muitas vezes, quanta decepção para quem é
atormentado pela necessidade de fazer falar de si! O que sabemos do caráter da Srta. Godu dá-nos a firme confiança de que ela se encontra acima dessas pequenas fraquezas e, assim, jamais comprometerá, como tantos outros, a nobre missão que recebeu.
Fonte Revista Espírita 1860 - Março de 1860 - Ano III
Vitória
André Luiz
Quando a tristeza lhe bata à porta, pense nas alegrias que a vida nos proporciona constantemente.
Concentre-se no bem por fazer, a fim de que o mal não lhe perturbe as horas.
Diante de observações descabidas que lhe forem lançadas em rosto, silencie, reconhecendo que cada um de nós é responsável pelas próprias atitudes e pensamentos.
Não descreia da cooperação e auxilie aos outros, quanto possível.
Acenda a estrela da esperança nas próprias mãos, para que a luz não lhe falte no cotidiano.
Não espere dos outros aquilo que os outros ainda não possuem para dar.
Disponha-se a ceder de você mesmo o que tenha você de melhor, a benefício dos companheiros de Humanidade.
Nada reclames.
Lembre-se de que se você cultivar a paciência, todos os prejuízos e desgostos prováveis da experiência terrestre se lhe farão mensageiros de bênçãos que você desconhece.
Se você sofre, trabalhe; se está doente trabalhe; se carregas o corpo enfraquecido, trabalhe, quanto puder e naquilo que possa fazer, porque isso resultará em auxílio a você mesmo.
Não olvide que um sorriso se reveste de imenso valor, nas mais difíceis circunstâncias.
Confie em Deus e confie em você mesmo, servindo sempre no amparo aos semelhantes e cedo você reconhecerá que carrega, por dentro do próprio coração, o seu mais belo cântico de vitória.
XAVIER. Francisco Cândido. Recados da Vida. Espíritos Diversos. GEEM. 1983.
A linha de conduta espírita
As 17 linhas de conduta espírita
I - Ser calmo e moderado
II - Ajudar o próximo com todas as forças
III - Usar, mas não abusar, dos bens materiais
IV - Não julgar o semelhante, pois só Deus conhece os móveis secretos que o faz assim agir.
V - Não impor a ninguém o seu modo de compreender a vida e respeitar o de outrem. Ele faz a sua própria experiência.
VI - Esclarecer o próximo e ser indulgente.
VII - Lembrar-se de que a vida de um homem não lhe pertence. Ser discreto.
VIII - Recordar-se de que um mau pensamento é uma força que fere ou cura.
IX - Não se esquecer de que um mau pensamento se vira contra que o projeta.
X - Não pensar no mal, porque quem é realmente bom não deve temer e, se não for, procurar melhorar.
XI - Confiar, durante a desgraça, na providência Divina, que quer o seu adiantamento espiritual.
XII - Repusar tranqüilo quando o seu trabalho foi meritório.
XIII - Lembrar-se de que o sofrimento é para fazê-lo compreender melhor a infelicidade dos outros.
XIV - Não rejeitar a provação, dizendo: "Meu Deus, dai-me a força para suportá-la", pois, com a sinceridade, ela não prevalecerá.
XV - Ser humilde e compassivo.
XVI - Orar.
XVII - Ajudar-se, porque o Alto o ajudará.
Extraído de O Livro do Médium Curador - Por José Lhomme
Revisado por Márcio Varela
28/01/2025
Clarêncio - Nosso Lar
2 Clarêncio - Nosso Lar
espessa e, quando meu desespero atingia o auge, atacava-os, mobilizando extremas energias. Em vão, porém, esmurrava o ar nos paroxismos da cólera. Gargalhadas sarcásticas feriam-me os ouvidos, enquanto os vultos negros desapareciam na sombra.
Para quem apelar? Torturava-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-
se-me aos olhos. Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência, na região desconhecida. A
circunstância mais dolorosa, no entanto, não é o terrível abandono a que me sentia votado, mas o assédio incessante de forças per-
versas que me assomavam nos caminhos ermos e obscuros. Irritavam-me, aniquilavam-me a possibilidade de concatenar idéias. Desejava ponderar maduramente a situação, esquadrinhar razões e estabelecer novas diretrizes ao pensamento, mas aquelas vozes,
aqueles lamentos misturados de acusações nominais, desnorteavam-me irremediavelmente.
– Que buscas, infeliz! Aonde vais, suicida?
Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz, sim; mas, suicida? - nunca! Essas increpações, a meu ver, não eram procedentes. Eu havia deixado o corpo físico a contragosto. Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos, enunciados na Casa de Saúde; lembrava a assistência desvelada que tivera, os curativos dolorosos que experimentara nos dias longos que se seguiram à delicada operação dos intestinos. Sentia, no curso dessas reminiscências, o contacto do termômetro, o pique desagradável da agulha de injeções e, por fim, a última cena que precedera o grande sono: minha esposa ainda jovem e os três filhos contemplando-me, no terror da eterna separação. Depois... o despertar na paisagem úmida e escura e a grande caminhada que parecia sem-fim.
Por que a pecha de suicídio, quando fora compelido a abandonar a casa, a família e o doce convívio dos meus? O homem mais forte conhecerá limites à resistência emocional. Firme e resoluto a princípio, comecei por entregar-me a longos períodos de desânimo e, longe de prosseguir na fortaleza moral, por ignorar o próprio fim, senti que as lágrimas longamente represadas visitavam-me com mais freqüência, extravasando do coração.
A quem recorrer? Por maior que fosse a cultura intelectual trazida do mundo, não poderia alterar, agora, a realidade da vida. Meus conhecimentos, ante o infinito, semelhavam-se a pequenas bolhas de sabão levadas ao vento impetuoso que transforma as paisagens. Eu era alguma coisa que o tufão da verdade carreava
para muito longe. Entretanto, a situação não modificava a outra realidade do meu ser essencial. Perguntando a mim mesmo se não
enlouquecera, encontrava a consciência vigilante, esclarecendo-me que continuava a ser eu mesmo, com o sentimento e a cultura
colhidos na experiência material. Persistiam as necessidades fisiológicas, sem modificação. Castigava-me a fome todas as fibras e, nada obstante, o abatimento progressivo não me fazia cair definitivamente em absoluta exaustão. De quando em quando, deparavam-se-me verduras que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes d'água a que me atirava sequioso. Devorava as folhas desconhecidas, colava os lábios à nascente turva, enquanto me permitiam as forças irresistíveis, a impelirem-me para frente. Muita vez suguei a lama da estrada, recordei o antigo pão de cada dia, vertendo copioso pranto. Não raro, era imprescindível ocul tar-me das enormes manadas de seres animalescos, que passavam em bando, quais feras insaciáveis. Eram quadros de estarrecer! acentuava-se o desalento. Foi quando comecei a recordar que deveria existir um Autor da Vida, fosse onde fosse. Essa idéia confortou-me. Eu, que detestara as religiões no mundo, experimentava agora a necessidade de conforto místico. Médico extremamente arraigado ao negativismo da minha geração, impunhase-me atitude renovadora. Tornava-se imprescindível confessar a falência do amor-próprio, a que me consagrara orgulhoso.
E, quando as energias me faltaram de todo, quando me senti absolutamente colado ao lodo da Terra, sem forças para reerguer-me, pedi ao Supremo Autor da Natureza me estendesse mãos paternais, em tão amargurosa emergência.
Quanto tempo durou a rogativa? Quantas horas consagrei à súplica, de mãos-postas, imitando a criança aflita? Apenas sei que a chuva das lágrimas me lavou o rosto; que todos os meus sentimentos se concentraram na prece dolorosa. Estaria, então, completamente esquecido? Não era, igualmente, filho de Deus, embora não cogitasse de conhecer-lhe a atividade sublime quando engolfado nas vaidades da experiência humana? Por que não me perdoaria o Eterno Pai, quando providenciava ninho às aves inconscientes e protegia, bondoso, a flor tenra dos campos agrestes?
Ah! é preciso haver sofrido muito, para entender todas as misteriosas belezas da oração; é necessário haver conhecido o
remorso, a humilhação, a extrema desventura, para tomar com eficácia o sublime elixir de esperança. Foi nesse instante que as neblinas espessas se dissiparam e alguém surgiu, emissário dos Céus. Um velhinho simpático me sorriu paternalmente. Inclinou-se, fixou nos meus os grandes olhos lúcidos, e falou:
– Coragem, meu filho! O Senhor não te desampara.
Amargurado pranto banhava-me a alma toda. Emocionado, quis traduzir meu júbilo, comentar a consolação que me chegava, mas, reunindo todas as forças que me restavam, pude apenas inquirir:
– Quem sois, generoso emissário de Deus?
O inesperado benfeitor sorriu bondoso e respondeu:
– Chama-me Clarêncio, sou apenas teu irmão.
E, percebendo o meu esgotamento, acrescentou:
– Agora, permanece calmo e silencioso. É preciso descansar para reaver energias.
Em seguida, chamou dois companheiros que guardavam atitude de servos desvelados e ordenou:
– Prestemos ao nosso amigo os socorros de emergência.
Alvo lençol foi estendido ali mesmo, à guisa de maca improvisada, aprestando-se ambos os cooperadores a transportarem-me, generosamente.
Quando me alçavam, cuidadosos, Clarêncio meditou um instante e esclareceu, como quem recorda inadiável obrigação:
– Vamos sem demora. Preciso atingir "Nosso Lar" com a presteza possível.
Extraído do livro Nosso Lar - Francisco Cândido Xavier - pelo Espírito André Luiz
Espírito e Matéria
21. A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele em dado momento?
“Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis concebêlo ocioso, um momento que
seja?”
22. Definese geralmente a matéria como sendo — o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
“Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.”
a) —Que definição podeis dar da matéria?
“A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.”
Deste ponto de vista, pode dizerse que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o espírito.
23. Que é o espírito?
“O princípio inteligente do Universo.”
a) —Qual a natureza íntima do espírito?
“Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”
24. É o espírito sinônimo de inteligência?
“A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”
25. O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as
cores o são da luz e o som o é do ar?
“São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”
a) — Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito?
(Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam.) “É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.”
26. Poderseá conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito?
“Podese, é fora de dúvida, pelo pensamento.”
27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?
“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificálo com o elemento material, ele se distingue deste por
propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não
haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou
primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem
o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”
a) —Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?
“Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.”
28. Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de — matéria inerte e matéria inteligente?
“As palavras pouco nos importam. Competevos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.”
Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas nos são desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contacto entre ambas; se a inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme à opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos mostram como sendo distintas; daí o considerarmolas formando os dois princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos essenciais. Aessa inteligência suprema é que chamamos Deus.
Extraído de O livro dos Espíritos - Cap II - Espírito e Matéria
Se quiseres servir
Emmanuel
A lei de causa e efeito terá ajustado aos teus momentos de agora problemas difíceis de resolver, incluindo provações que te acabrunham a alma, no entanto, se quiseres servir a benefício dos outros, a Misericórdia Divina interferirá no campo da Divina Justiça, em teu favor, e conseguirás sem dificuldade renovar o próprio caminho.
Por injunções da tarefa que desempenhas, adversários gratuitos te impõem duros reveses, promovendo discórdia e incompreensão em torno das responsabilidades que te marcam as horas, mas, se quiseres servir, a breve tempo, transformarás aversão em simpatia, angariando novos amigos para a esfera de tua causa.
Estorvos à realização de teus ideais te afligirão a senda, contudo, se quiseres servir, atrairás braços inúmeros que estarão contigo, sintonizados no esforço das boas obras.
Sofres a influência obsessiva da parte de inimigos desencarnados a te inibirem os movimentos, como se grilhões invisíveis te barrassem os passos, todavia, se quiseres servir, nisso empenhando vontade e decisão, para logo, terás convertido desafeto em cooperação, criando atmosfera de paz e amor, ao redor de teus dias.
O quadro de tuas obrigações te parece duvidoso, com vistas à possível execução dos deveres que a vida te designa no erguimento do bem, fornecendo a impressão de iminente insucesso, entretanto, se quiseres servir, colherás novos contingentes de auxílio e verás frutescer em triunfo as flores que te pendem dos projetos edificantes.
Jamais desanimes. Obstáculo é agente renovador, acumulando a riqueza da experiência. Trabalho digno é cimento espiritual na construção da felicidade.
O que hoje é sombra de perturbação, amanhã pode ser luz e esclarecimento, segurança e harmonia. Mas para que isso aconteça por demonstração da Força Divina em nossa fraqueza humana, é necessário olvidar a nós mesmos, procurando servir.
XAVIER. Francisco Cândido. Hoje. Pelo Espírito Emmanuel. CEU.1984.
27/01/2025
Curso de Capelania Hospitalar Espírita
Curso de Capelania Hospitalar Espírita
Data 30/03/2025 - das 8h às 12h
Local Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec
Rua Venceslau Braz, 1408, Barrocas, Mossoró RN
Médiuns Especiais
Revista Espírita 1860 - Fevereiro de 1860
A experiência prova diariamente quanto são numerosas as variedades da faculdade mediúnica, mas também nos prova que os diversos matizes dessa faculdade são devidos a aptidões especiais ainda não definidas, abstração feita das qualidades e dos conhecimentos do Espírito que se manifesta.
A natureza das comunicações é sempre relativa à natureza do Espírito e traz o cunho de sua elevação ou de sua inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância. Mas, considerando-se o mesmo mérito, do ponto de vista hierárquico, nele há, incontestavelmente, uma propensão para ocupar-se de uma coisa, em vez de outra. Os Espíritos batedores, por exemplo, quase não saem das manifestações físicas. Entre os que dão manifestações inteligentes, há Espíritos poetas, músicos, desenhistas, moralistas, sábios, médicos, etc. Falamos de Espíritos de uma ordem média, porquanto, chegados a um certo grau, as aptidões se confundem na unidade da perfeição. Mas, ao lado da aptidão do Espírito, há também a do médium que, para o primeiro, é um instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível, e no qual descobre qualidades particulares que não podemos apreciar.
Façamos uma comparação: Um músico muito hábil tem em mãos vários violinos; para o vulgo, são todos bons, mas entre os quais o artista consumado faz uma grande diferença. Capta matizes de extrema delicadeza, que o levam a escolher uns e rejeitar outros, matizes que compreende por intuição, mas que é incapaz de fefinir. O mesmo se dá em relação aos médiuns: para idênticas qualidades na força mediúnica, o Espírito dará preferência a este ou
àquele, conforme o gênero de comunicação que queira dar. Assim, por exemplo, vemos pessoas que escrevem, como médiuns, poesias admiráveis, embora em condições ordinárias jamais tenham conseguido fazer um verso; outros, ao contrário, são poetas, mas, como médiuns, só escrevem prosa, apesar de seu desejo. O mesmo se dá com o desenho, a música, etc. Também há os que, sem
conhecimentos científicos próprios, têm uma aptidão toda particular para receber comunicações científicas; outros, para
estudos históricos; outros servem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos moralistas. Numa palavra, seja qual for a flexibilidade do médium, as comunicações que recebe com mais facilidade têm
geralmente um sinete especial. Alguns, até, não saem de um certo círculo de idéias e, quando dele se afastam, só obtêm comunicações
incompletas, lacônicas e freqüentemente falsas. Excetuando-se as causas de aptidão, os Espíritos ainda se comunicam, com maior ou
menor boa vontade, por tal ou qual intermediário, conforme as suas simpatias. Assim, considerando-se a mesma igualdade de aptidões, o mesmo Espírito será muito mais explícito através de certos médiuns, pelo simples fato de que esses lhes convêm melhor.
Portanto, incorreríamos em erro se, pelo simples fato de termos um bom médium à mão, que escrevesse com facilidade, pudéssemos, por seu intermédio, obter boas comunicações de todos os gêneros. A primeira condição para obter-se boas comunicações é, sem contradita, assegurar-se da fonte de onde emanam, isto é, das qualidades do Espírito que as transmite; mas não é menos importante levar em conta as qualidades do instrumento oferecido ao Espírito. É necessário, pois, estudar a
natureza do médium, como se estuda a do Espírito, pois aí estão os dois elementos essenciais para se obter resultados satisfatórios. Há um terceiro que desempenha um papel igualmente importante: a intenção, o pensamento íntimo, o sentimento mais ou menos louvável de quem interroga; e isto se concebe. Para que uma comunicação seja boa, é preciso que emane de um Espírito bom;
para que esse Espírito bom possa transmiti-la, é necessário um bom instrumento; para que a queira transmitir, é preciso que o objetivo
lhe convenha. Lendo o pensamento, o Espírito julga se a pergunta que lhe é feita merece uma resposta séria e se a pessoa que a dirige é digna de recebê-la. Caso contrário, não perde o tempo em semear bons grãos em terra imprópria; e é então que os Espíritos levianos e zombadores aproveitam o campo, deixado livre, porquanto,
pouco se importando com a verdade, não hesitam em fazê-lo, e geralmente são muito pouco escrupulosos quanto aos fins e aos meios.
De acordo com o que acabamos de dizer, compreende- se que deve haver Espíritos, por gosto ou pela razão, mais especialmente ocupados com o alívio da humanidade sofredora; que, paralelamente, deve haver médiuns mais aptos que outros a lhes servirem de intermediários. Ora, como esses Espíritos agem exclusivamente com vistas ao bem, devem procurar em seus intérpretes, além da aptidão que poderia ser chamada fisiológica, certas qualidades morais, entre as quais figuram, em primeira linha, o devotamento e o desinteresse. A cupidez sempre foi, e será sempre, um motivo de repulsa para os Espíritos bons e uma causa de atração para os outros. É admissível possa o bom-senso aceitar que os Espíritos superiores se prestem a todas as combinações de interesse material e que estejam às ordens do primeiro que aparecer, pretendendo explorá-los? Os Espíritos, sejam quais forem, não querem ser explorados; e, se alguns parecem estar de acordo, se mesmo se adiantam a certos desejos demasiado mundanos, quase sempre têm em vista uma mistificação, de que se riem depois, como de uma boa peça pregada a gente muito crédula. Ademais, talvez não seja inútil que alguns queimem os dedos, a fim de aprenderem que não se deve brincar com coisas sérias.
Seria o caso de falarmos aqui de um desses médiuns privilegiados, que os Espíritos curadores parece haverem tomado sob seu patrocínio direto. A Srta. Désirée Godu, que reside em Hennebon (Morbihan), goza, a este respeito, de uma faculdade verdadeiramente excepcional, que utiliza com a mais piedosa
abnegação. Sobre isto já dissemos algumas palavras num relatório das sessões da Sociedade, mas a importância do assunto merece um artigo especial, que teremos a satisfação de lhe consagrar em nosso próximo número. À parte o interesse que se liga ao estudo de toda faculdade rara, sempre consideramos como um dever dar a conhecer o bem e fazer justiça a quem o pratica.
Fonte Revista Espírita 1860 - Fevereiro de 1860 - Ano III
Sempre adiante
Se caíste, não recues,
Nem te lamentes em vão.
O erro, frequentemente,
É necessário à lição.
Não te acolhas à fraqueza,
Desânimo nada faz.
Ergue-te e segue pensando
Na força de que és capaz.
XAVIER. Francisco Cândido. Recados da vida. Espiritos Diversos. GEEM. 1983.
26/01/2025
Quando pela segunda vez, ouvimos o nome de Bezerra de Menezes
Em três de maio de 1922, o Grupo Espírita Fé e Esperança, como o querido Campos previra, foi inaugurado.
Por intermédio de terceiros, soubemos da grande solenidade.
De longe em longe, passávamos pela sua frente.
E sentíamos uma profunda dor dentro do coração, por dois motivos: por havermos magoado o Espírito de um homem de bem e por não ser aquele imóvel, tão grande e tão belo, o Grupo Escolar de Entre-Rios...
Em 24 de junho de 1922, o Fé e Esperança anunciara, publicamente, a solenidade comemorativa de seu Patrono João Batista, com uma conferência, que seria pronunciada pelo estimado e conhecido tribuno Viana de Carvalho, no dizer de Manuel Quintão, um dos valores espíritas mais sinceros e cultos.
Dirigíamos uma Escola e ainda o semanário o Entre-Rios e, mais por curiosidade e também para buscarmos assunto novo para o nosso jornal, fomos assistir a conferência anunciada.
Encantamo-nos da cultura, da inspiração e do verbo eloqucnte do grande Orador espírita.
Focando um assunto evangélico, parece-nos, sobre a Parábola dos Talentos, arrebatou-nos,
comoveu-nos, surpreendeu nos, levando-nos ao coração a semente primeira dos Ensina santos de Jesus.
Para documentar suas razões, citou Lindos Casos da vida de Bezerra de Menezes, o primeiro dos Espíritas do Brasil que, não pondo a candeia debaixo do alqueire e demonstrando coragem e convicção, sinceridade e abnegação na sua Tarefa, colocou no Candeeiro da Imprensa diária do Rio, pelo jornal O Pais, as Luzes da Terceira Revelação, os deslumbrantes conceitos sobre o Livro da Vida, tão ainda desconhecido e desestimado.
Fomos para casa encantado com a palavra de luz de Viana de Carvalho e com os Casos Lindos de Bezerra de Menezes, cujo nome, pela segunda vez, ouvíamos e, por ele, começamos a ter inusitada simpatia, tanto mais quanto fora daqueles que, na sua Missão exemplar, mais aproveitaram os Talentos, na possibilidade de
servir, amar, ser melhor e exemplificar os Ensinos do Amigo Celeste.
Extraído do livro Lindos Casos de Bezerra de Menezes, por Ramiro Gama
Conhecimento do princípio das coisas
17. É dado ao homem conhecer o princípio das coisas?
“Não, Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo.”
18. Penetrará o homem um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?
“O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, sãolhe precisas faculdades que ainda não possui.”
19. Não pode o homem, pelas investigações científicas, penetrar alguns dos segredos da Natureza?
“A Ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas; ele, porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.”
Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, tanto maior admiração
lhe devem causar o poder e a sabedoria do Criador. Entretanto, seja por orgulho, seja por
fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos
erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.
20. Dado é ao homem receber, sem ser por meio das investigações da Ciência, comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos?
“Sim, se o julgar conveniente, Deus pode revelar o que à ciência não é dado apreender.”
Por essas comunicações é que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro.
Extraído de O livro dos Espíritos - Cap II - Conhecimento do princípio das coisas
Vinte exercícios de Scheilla
Pelo espírito Scheilla
1 - Executar alegremente as próprias obrigações.
2 - Silenciar diante da ofensa.
3 - Esquecer o favor prestado.
4 - Exonerar os amigos de qualquer gentileza para conosco.
5 - Emudecer a nossa agressividade.
6 - Não condenar as opiniões que divergem da nossa.
7 - Abolir qualquer pergunta maliciosa ou desnecessária.
8 - Repetir informações e ensinamentos sem qualquer azedume.
9 - Treinar a paciência constante.
10 - Ouvir fraternalmente as mágoas dos companheiros sem biografar nossas dores.
11 - Buscar sem afetação o meio de ser mais útil.
12 - Desculpar sem desculpar-se.
13 - Não dizer mal de ninguém.
14 - Buscar a melhor parte das pessoas que nos comungam a experiência.
15 - Alegrar-se com a alegria dos outros.
16 - Não aborrecer quem trabalha.
17 - Ajudar espontaneamente.
18 - Respeitar o serviço alheio.
19 - Reduzir os problemas particulares.
20 - Servir de boa mente quando a enfermidade nos fira.
O aprendiz da experiência terrena que quiser e puder aplicar-se, pelo menos, a alguns dos vinte exercícios aqui propostos, certamente receberá do Divino Mestre, em plena escola da vida, as mais distintas notas no curso da caridade.
Extraído do livro "Ideal Espírita", obra psicografada por Francisco Cândido Xavier
Allan Kardec e o Homem
Allan Kardec e o Homem - Capítulo 1
Há duas fases na vida de Allan Kardec: — uma anterior à constituição do espiritismo, mais material, conquanto já superior na ordem moral; outra, inteiramente espiritual, em que admitindo e aceitando a doutrina nascente, faz dela a preocupação permanente do resto
de sua vida.
Antes de tudo, é preciso mostrar como o homem em Allan Kardec se completa nas duas fases de sua vida; como a segunda não seria talvez possível sem a primeira.
Nascido em Lyon, na França, em 3 de outubro de 1804, no seio duma família respeitável pelas suas virtudes, ele recebeu dos pais uma educação aprimorada. Pode-se dizer, portanto, que o meio foi o mais propício para o desenvolvimento de suas boas tendências. Todas as qualidades morais, que concorrem para formar o homem de bem, foram logo desabrochando no jovem Hippolyte Rivail e constituíram sempre o fundo de seu caráter.
Quando apareceu depois o grande movimento espírita, de que foi diretor, ele era já um homem experimentado nas lutas da vida, con-
tando já mais de 50 anos, mas sempre guiado por uma consciência reta. O espiritismo não lhe veio trazer a transformação súbita do cará-
ter. Não veio modificá-lo de chofre, dando-lhe imediatamente qualidades que não possuía. Já o encontrou, por assim dizer, formado. Apenas o lapidou. Ele já era um espírito evoluído, com um longo tirocínio de outras existências e outras missões, perfeitamente aparelhado,
portanto, para desempenhar a nova missão que trazia.
Na vida, a coragem nunca lhe faltou. Ele não desanimava nunca. A calma foi sempre uma das feições mais salientes de seu caráter.
Ficando logo arruinado, perdendo toda a sua pequena fortuna no começo da vida, sem sempre exercitando a caridade, e, já casado com a mulher, que foi depois incansável na propaganda de suas ideias, ele consegue por meio de um labor obstinado readquiri-la quase toda no ensino, escrevendo ao mesmo tempo trabalhos didáticos, fazendo traduções de obras estrangeiras ou preparando a escrituração de estabelecimentos comerciais. Ainda assim, não lhe faltava a coragem para fazer benefícios à mocidade pobre, abrindo cursos gratuitos de ciências e línguas. Era essa mesma coragem que ele devia mostrar mais tarde, no momento tempestuoso da formação da doutrina, recebendo sempre com a maior serenidade, sem nunca revidá-los, os ataques mais veementes dos adversários, as injustiças e as ingratidões dos amigos. As cartas anônimas, as traições, os insultos e a difamação sis-
temática, lembra Leymarie, um seu íntimo, no dia de seu passamento, perseguiam esse homem laborioso, esse gênio benfazejo e lhe abriam
moralmente feridas incuráveis. Tudo, porém, ele sabia perdoar.
Nunca fugia às discussões; ao contrário, as desejava sempre, não por espírito de combatividade, pelo gosto da polêmica, mas para elucidar os assuntos. “Nós queremos a luz, venha donde vier”, dizia ele. Nunca procurava impor suas opiniões. Discutia sempre lealmente e, naquilo que constituía uma questão já resolvida pelos espíritos numa concordância geral, os seus esclarecimentos eram mantidos
como uma opinião meramente individual, eram emitidos, apenas, como sua maneira de ver. E sempre estava disposto a renunciá-la desde que ficasse demonstrado que ele estava em erro. Todos os homens podem enganar-se, dizia ele uma vez a Jobard, mas, se há grandeza em reconhecer os erros, há sempre baixeza em perseverar numa opinião que se repute falsa.
Dessa ausência de orgulho provinha necessariamente a tolerância. Assim como não pretendia impor suas opiniões a ninguém, também respeitava as dos outros, inclusive as crenças. Sempre ele praticou o que alegou depois de 1868: — “A tolerância, sendo uma consequência da moral espírita, nos impõe o dever de respeitar todas as crenças. Não se atirando pedras em ninguém, desaparece o pretexto das represálias, ficando os dissidentes com a responsabilidade de suas palavras e de seus atos. Se eu tiver razão, os outros acabarão por pensar como eu, se eu não tiver razão, acabarei por pensar como os outros.” E essa tolerância, sendo um dos vestígios de sua elevação moral, não era somente aplicada nos atos da vida pública, mas também nos da vida privada.
De um humor às vezes alegre, na intimidade ele era um causeur despreocupado, mas brilhante, tendo um talento especial, refere um seu biógrafo, para distrair os amigos e convidados, que os tinha sempre em casa, dando algumas vezes certo encanto às reuniões.
Quem contempla hoje um retrato de Allan Kardec não pode ter a ideia, portanto, do que foi seu caráter, não pode imaginar que naque-
la figura vigorosa, de fisionomia tão austera, aparentando antes uma rigidez exagerada de sentimentos, pouco disposta a perdoar faltas, se
escondia uma alma tão boa, tão simples e tão generosa.
O princípio, enfim, que constitui para o espiritismo o fundamento de sua moral: “Fora da caridade não há salvação”, pode-se garantir, foi sempre a sua bandeira. “Faço o bem quanto o permitem minhas condições, já dizia ele num antigo documento encontrado entre seus papéis, presto os serviços que posso, nunca os pobres foram enxotados de minha, nem tratados com dureza, antes são acolhidos com benevolência” –
“Continuarei a fazer o bem, que me for possível, mesmo aos meus inimigos, porque o ódio não me cega, estender-lhes-ei sempre as mãos para os arrancar aos precipícios, quando para isso se me oferecer ocasião.”
1 Allan Kardec: Œuvres Posthumes, pág. 388.
Extraído do livro Allan Kardec e o Espiritismo - Chrysanto de Brito - Ed ECO
25/01/2025
A Tarefa dos Guias Espirituais
Os guias invisíveis do homem não poderão, de forma alguma, afastar as dificuldades
materiais dos seus caminhos evolutivos sobre a face da Terra.
O Espaço está cheio de incógnitas para todos os Espíritos.
Se os encarnados sentem a existência de fluidos imponderáveis que ainda não podem
compreender, os desencarnados estão marchando igualmente para a descoberta de
outros segredos divinos que lhes preocupam a mente.
Quando falamos, portanto, da influência do Evangelho nas grandes questões sociológicas
da atualidade, apontamos às criaturas o corpo de leis, pelas quais devem nortear as suas
vidas no planeta. O chefe de determinados serviços recebe regulamentos necessários
dos seus superiores, que ele deverá pôr em prática na administração. Nossas atividades
são de colaborar com os nossos irmãos no domínio do conhecimento desses códigos de
justiça e de amor, a cuja base viverá a legislação do futuro. Os Espíritos não voltariam à
Terra apenas para dizerem, aos seus companheiros, das beatitudes eternas nos planos divinos da imensidade. Todos os homens conhecem a fatalidade da morte e sabem que é
inevitável a sua futura mudança para a vida espiritual. Todas as criaturas estão, assim,
fadadas a conhecer aquilo que já conhecemos. Nossa palavra é para que a Terra vibre conosco nos ideais sublimes da fraternidade e da redenção espiritual. Se falamos dos mundos felizes, é para que o planeta terreno seja igualmente venturoso. Se dizemos do
amor que enche a vida inteira da Criação Infinita, é para que o homem aprenda também a amar a vida e os seus semelhantes. Se discorremos acerca das condições aperfeiçoadas da existência em planos redimidos do Universo, é para que a Terra ponha em prática essas mesmas condições. Os códigos aplicados, em outras esferas mais adiantadas, baseados na solidariedade universal, deverão, por sua vez, merecer ai a atenção e os estudos precisos.
O orbe terreno não está alheio ao concerto universal de todos os sóis e de todas as
esferas que povoam o Ilimitado; parte integrante da infinita comunidade dos mundos, a Terra conhecerá as alegrias perfeitas da harmonia da vida. E a vida é sempre amor, luz,
criação, movimento e poder.
Os desvios e os excessos dos homens é que fizeram do vosso planeta a mansão triste
das sombras e dos contrastes.
Fluidos misteriosos ligam a Deus todas as belezas da sua criação perfeita e inimitável. Os
homens terão, portanto, o seu quinhão de felicidade imorredoura, quando estiverem
integrados na harmonia com o seu Criador.
Os sóis mais remotos e mais distantes se unem ao vosso orbe de sombras, através de
fluidos poderosos e intangíveis. Há uma lei de amor que reúne todas as esferas, no seio
do éter universal, como existe essa força ignorada, de ordem moral, mantendo a coesão
dos membros sociais, nas coletividades humanas. A Terra é, pois, componente da
sociedade dos mundos. Assim como Marte ou Saturno já atingiram um estado mais
avançado em conhecimentos, melhorando as condições de suas coletividades, o vosso orbe tem, igualmente, o dever de melhorar-se, avançando, pelo aperfeiçoamento das
suas leis, para um estágio superior, no quadro universal.
Os homens, portanto, não devem permanecer embevecidos, diante das nossas
descrições.
O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho,
transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fim de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas do Infinito.
Do livro Emmanuel - Francisco Cândido Xavier
Panteísmo
14. Deus é um ser distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?
“Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.”
“Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Credeme, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável.”
15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?
“Não podendo fazerse Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.”
16. Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os
fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este
raciocínio?
“A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecerlhe o absurdo.”
Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora, transformandose a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; acharseia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltarlheia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem aliar as propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que ele fique rebaixado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos o que ele não pode deixar de ser e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a imaginou. A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.
Extraído de O livro dos Espíritos - Cap II - Panteísmo
Os Sete Chakras
Os Chakras são canais dentro do corpo humano (nadis) por onde circula nossa energia vital (o prana) que nutre órgãos e sistemas.
É através dos nadis (meridianos) – caminhos invisíveis dentro do nosso organismo – que a energia vital caminha por todo o nosso corpo e chega aos chakras, em pontos que concentram vibrações mais específicas.
A palavra chakra vem do sânscrito (umas das línguas sagradas da Índia) e significa “roda”, “disco”, “centro” ou “plexo”. Quando dois ou mais canais de energia se encontram, formam-se “vórtices” de energia – nesta forma os chakras são percebidos como vórtices (redemoinhos) de energia vital, espirais girando em alta velocidade, vibrando em pontos vitais de nosso corpo.
Nosso corpo físico tem uma ligação sutil com o mundo astral. Os chakras são pontos de interseção entre vários planos e através deles nosso corpo etérico se manifesta mais intensamente no corpo físico. É através do desequilíbrio desta energia vital que as pessoas adoecem e acabam obstruindo esta ligação com o Divino.
Cada Chakra coordena e reflete a anatomia e a saúde física, mental, emocional e espiritual do indivíduo.
Os principais chakras são:
- Muladhara – O primeiro chakra éconhecido como Chakra Base ou Raiz (base da espinhal dorsal)
- Svadhisthana – O segundo chakra também chamado esplênico, sacro ou do baço
- Manipura – O terceiro chakra é conhecido como Chakra do Plexo Solar (região do umbigo)
- Anahata – O quarto chakra situa-se na direção do coração (timo e coração)
- Visuddha – O quinto chakra fica na frente da garganta (está ligado à tireóide)
- Ajna – O sexto chakra situa-se no ponto entre as sobrancelhas (conhecido como “terceiro olho)
- Sahasrara – O sétimo chakra situa-se no alto da cabeça
Artigo originalmente recuperado por Márcio
Fonte original http://www.portalangels.com/saude/chakras/os-7-chakras.html
24/01/2025
Atributos da Divindade
10. Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?
“Não; faltalhe para isso o sentido.”
11. Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?
“Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”
A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza
íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a
criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz idéia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme à sã razão.
12. Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos
formar idéia de algumas de Suas perfeições?
“De algumas, sim. O homem as compreende melhor à proporção que se eleva acima da matéria. Entrevêas pelo pensamento.”
13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos idéia completa de seus atributos?
“Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.”
Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.
É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É único. Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade
de poder na ordenação do Universo.
É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo
haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seriam obra de outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela, assim nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.
Extraído de O livro dos Espíritos - Cap 1 - Atributos da Divindade
Comunicações espontâneas - Estelle Riquier
(Sociedade, 13 de janeiro de 1860.)
O tédio, o desgosto, o desespero me devoram. Esposa culpada, mãe desnaturada, abandonei
as santas alegrias da família, o domicílio conjugal embelezado pela presença de dois
pequenos anjos descidos do céu. Arrastada nas sendas do vício por um egoísmo, um orgulho
e um coquetismo desenfreados, mulher sem coração, conspirei contra o santo amor daquele
que Deus e os homens lhe deram por sustentáculo, e por companheiro na vida; ele procurou na morte um refúgio contra o desespero que lhe haviam causado meu frouxo abandono e sua desonra.
O Cristo perdoou à mulher adúltera e à Madalena arrependida; a mulher adúltera havia amado, e Madalena estava arrependida; mas eu! Miserável, vendia a preço de ouro um
semblante de amor que jamais senti; semeei a manchei as o prazer e não recolhi senão o
desprezo. A hedionda miséria e a fome cruel vieram pôr termo a uma vida que se me tornara
odiosa.... E não estou arrependida! e eu, miserável, infame, freqüentemente empreguei, ai de mim! com um fatal sucesso, minha infernal influência, como Espírito, para compelir ao vício pobres mulheres que eu via virtuosas e gozarem a felicidade que eu havia esmigalhado sob os pés. Deus nunca me perdoará? Talvez, se o desprezo que ela vos inspira não vos impedir de orar pela infeliz Estelle Riquier.
Nota. Tendo-se comunicado espontaneamente, sem ser chamado e sem ser conhecido de
nenhum dos assistentes, a esse Espírito foram dirigidas as perguntas seguintes:
1. Em que época morrestes?
- R. Há cinqüenta anos.
2. Que região habitáveis?
- R. Paris.
3. A que classe da sociedade pertencia vosso marido?
- R. À classe média.
4. Com que idade morrestes?
- R. Trinta e dois anos.
5. Que motivos vos levaram a se comunicar espontaneamente conosco?
- R. Foi-me permitido para a vossa instrução e para exemplo.
6. Recebestes uma certa educação?
- R. Sim.
7. Esperamos que Deus vos levará em conta a franqueza da vossa confissão e de vosso
arrependimento. Nós pedimos para que estenda sua misericórdia sobre vós, e vos envie bons Espíritos para vos esclarecer sobre os meios de reparar vosso passado.
- R. Oh! Obrigada! Obrigada! Que Deus vos ouça!
Revisado por Márcio Varela
Fonte Revista Espírita 1860 - Allan Kardec - Ano III
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