Revista Espírita 1864 - Março de 1864
A ordem que tinha sido dada ao Sr. Home pelas autoridades pontifícias, de deixar Roma em três dias, tinha sido revogada, como vimos em nosso último número. Mas não se reprime o medo e mudaram de idéia; a licença de permanência foi retirada definitivamente, obrigando o Sr. Home, sob a acusação de feitiçaria, a partir imediatamente. É bom dizer que as batidas e o levantamento da mesa durante o interrogatório, que tínhamos relatado em forma dubitativa, pois não tínhamos certeza, são exatos. Isto devia ser um motivo a mais para pensar que o Sr. Home trazia consigo o diabo a Roma, onde jamais havia penetrado, ao que parece. Ei-lo, pois, bem e devidamente convicto, pelo governo romano, de ser um feiticeiro; não um feiticeiro para rir, mas um verdadeiro feiticeiro, pois, do contrário, não teriam levado a coisa a sério. Tivemos sob os olhos o longo interrogatório a que o submeteram, e a leitura, pela forma das perguntas, levou-nos involuntariamente aos tempos de Joana d’Arc; só faltava o desfecho comum da época para essas espécies de acusação. Os jornais brincalhões admiram-se de que no século dezenove ainda acreditem em feiticeiros. É que há pessoas que dormem o sono de Epimênides há quatro séculos. Aliás, como não acreditaria o povo, quando sua existência é atestada pela autoridade que a deve conhecer melhor, já que mandou queimar tanta gente? É preciso ser céptico como um jornalista para não se render a uma prova tão evidente. O que é mais surpreendente é que se façam reviver os feiticeiros nos espíritas, logo eles que vêm provar, com as peças nas mãos, que não há feiticeiros nem maravilhoso, mas apenas leis naturais.
Revista Espírita 1864 - Março de 1864 - Ano VII - O Sr. Home em Roma (Conclusão)
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